terça-feira, 6 de maio de 2008

Uááá!!

Nem seis da madrugada e o som da passarada era insuportável. Enrolei um edredom na cabeça para abafar o barulho, mas não consegui voltar a dormir, aquilo martelava tão forte quanto o bate-estaca de meses anteriores.

O tema deste post é o sono em viagem, mas vale uma pequena regressão. Nunca fui um cara de sono fácil. Pelo contrário, minha tradicional implicância com as coisas se estende ao bater de asas do pernilongo que me faz perder o sono. Literalmente. Fico prestando atenção naquele flap-flap e passo semanas com olheiras absurdas. Tá certo, a vida de animal corporativo ajuda - acordo todo dia às 5h20 reclamando ao despertador "cê tá de brincadeira comigo". Mas perder uma noite de sono por qualquer razão que seja aprofunda as olheiras (lembrem-me de contar a história do ratinho, de dias atrás).

O caso da passarada ocorreu quando eu morava em Curitiba com o Edimar - um corajoso amigo que dividiu o apê comigo por quatro anos. Talvez ele se lembre, e tente disfarçar um sorriso irônico, do dia em que eu levantei da cama de madrugada, com um gravador na mão, para pesquisar o porquê daquela algazarra dos passarinhos.

Outros casos se acumulam por toda a minha infeliz existência. O Luiz Paulo, outro corajoso amigo, teve que conviver com meus resmungões toda vez que dedilhava o teclado de seu computador. Madrugada alta, quitinete pequena, e eu rolando na cama para dormir. Em noites que ele resolvia virar trabalhando, das duas uma: ou me arrastava junto como um zumbi manso ou eu teria que pegar minhas cobertas e pedir asilo no apê dos vizinhos.


Mas o blog é sobre viagens e vamos nos centrar nelas. Para passar bem no ônibus, tem gente que se entope de Dramin, mas nem assim consegue fechar os olhos nas longas horas em terreno desconhecido e chacoalhante. Aliás, passar uma longa viagem dormindo sem problemas é coisa para seres escolhidos, gente que terá privilégios na seleção da espécie. E apesar de minha chatice com o barulho mais imperceptível, posso me considerar um privilegiado. Na maior parte das viagens, sigo meu sono sossegado.

Isso quando o frio não congela meus pés (tornando a gangrena uma hipótese plausível) ou o motorista resolve treinar para o Rally dos Sertões. Foi assim na viagem para Campinas do dia 21/04 (a oitava). Após a parada no Graal, o motorista optou por desviar de São Paulo, passando pela chamada "Serrinha". Ali, solavanco é regra e dizem que você pode fabricar um milk-shake, sentado na poltrona. Por mais que tente, não dá para dormir.

Nessa viagem cheguei a Campinas pregado. E, após 14h, ali no trecho de Americana, enfim consegui dormir um pouco. Estava tão cansado quando estacionamos na rodoviária de Campinas que cogitei encarar o motorista com os olhos inchados e cheios de súplica implorando: "Posso ficar matando um tempo aqui?"

Não deu. Peguei o ônibus metropolitano e fui balançando para Unicamp, sentado naquela parte levantada da roda e maldizendo mentalmente todas as pessoas felizes com seus assentos. Quando cheguei à universidade fui direto à Praça da Paz. Ali no banco duro de concreto fiz o mesmo que fizera em minha primeira ida para Campinas, quando tudo começou, na primeira aula do Labjor.

Dormi como um anjo!

3 comentários:

Deninha disse...

Nossa, vc fugiria correndo se morasse aqui em casa..
qaté 3h da manhã tec tec tec de computador, barulhos de gatos correndo, depois de 3h quando deito a cena é a seguinte..
o Natan dormindo as vezes em cima da minha barriga (com seus 7 quilos) e massageando minhas costelas, outras vezes com o corpo em cima do meu braço e fazendo minha barriga de travesseiro.
A Mel as vezes dorme do lado contrário ao Natan em cima do outro braço (que cena linda eu com ops dois braços esticados e cada um com um gato em cima). Outras vezes ela dorme em cima das minhas pernas.
A Monique, não deita, adora fazer um tour em cima de mim, passa a noite toda dando voltas e me pisoteando.. deve achar que sou uma montanha! Qdo ela cansa vai deitar embaixo da minha perna com a cabeça encostada no meu bumbum, esses dias não seu o que deu nela que inclusive me deu uma bela mordida, ahahahaha
Mas o mais engraçado foi essa semana.. Não sei o que aconteceu no meu sonho mas eu acordei com a cabeça deitada em cima da barriga grande do Natan, o fazendo de travesseiro e ele nem ai com isso ahahahaa
Viu como minhas noites são tranquilas?

Rescunhos de Viagens disse...

Falar em dormida, vale lembrar a virada de madrugada no aeroporto de Campinas e as inúmeras dormidas na escada do Labjor.

Tem o vai-e-vem pelos ônibus. Frio, aperto e faladeira. Ou belíssimas noites bem dormidas, como a de Medianeira-Curitiba.

No avião, qualquer um dificilmente tem algumas boas horas de sono e não sou diferente. Mas na última viagem, me encaixei de tal maneira na poltrona apertado que até pude sonhar...

Anônimo disse...

Putz, essa serrinha é dose mesmo. O pior é que se passa por ela depois de ter comido gororoba no Graal e o bucho se revira até fazer oito (8). Como não dá para dormir, ainda temos que encarar os precipícios que se exibem a 30 cm da roda do busão.