segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Adeus, Marquito!

Com a câmera B na mão eu gravava uma das minhas muitas passagens que faço nas viagens. Não conseguia esconder a cara de choro. No texto de minha fala, tentava resumir o tempo que fiquei com meu grande parceiro de viagem Marco. Ele pegara um táxi para a rodoviária. Iria para Iquitos na amazônia peruana. A sociedade tinha sido desfeita.

Café da manhã no hostel e preparativo pras despedidas

Tínhamos mais um dia em Cusco e muito o que fazer. Tomamos um rápido café no Pirwa Hostels Backpackers e fomos para o monumento a Pachacuteq. A cidade estava agitada. Manifestantes de vários povoados reclamavam por questões territoriais – como as escolas são distantes, eles têm problemas para frequentar. Ao menos foi o que entendi

Filho do sol

De táxi, chegamos ao monumento a Pachacuteq, uma estátua de bronze com 11,5 metros de altura e 17 toneladas, sobre uma base de 22,4 metros. O monumento foi erguido exatos 500 anos após a conquista espanhola. Do seu alto, na praça Haukaypata, podemos ver toda Cusco, em seu formato de puma.

O grande Pachacuteq, homenageado em Cusco

Pachacuteq – “filho do sol e reformador do mundo” – foi o mais importante imperador inca. A origem do povo é em 1200 quando Manco Copac uniu os grupos étnicos que habitavam o vale de Cusco. A expansão do império inca, no entanto, aconteceu 200 anos depois, com achegada do nono imperador: Pachacuteq.

Ele formou exércitos e ampliou o império desde o Equador até Tucuman, na Argentina (16 mil km de norte a sul e 4 mil de leste a oeste). Depois de conquistar, o imperador integrava os povos aos incas fazendo todos compartilharem a mesma filosofia, religião e valores.

A vista de Cusco. No desenho do umbigo do mundo, o simbolismo inca

Na sagrada Cusco, Pachacuteq fez o comando de seu governo e aplicou o simbolismo inca com o puma (Kaypacha, o mundo dos homens). A cabeça do puma seria Sacsaywaman, a Rua Pumakurku era a coluna vertebral responsável por levar as mensagens ao povo, a genitália ficaria no templo de Qoricancha e aí por diante.

Minutos a mais

Precisávamos comprar as passagens para nossos próximos destinos. Tínhamos planejado na parte da tarde conhecer as ruínas no entorno de Cusco por um tour de duas horas saindo do hostel. Não deu. O ônibus de Marco era bem mais cedo que o meu, não daria tempo de fazermos o passeio. Eu poderia fazer, ele não. Preferi ficar com meu amigo.

 Última caminhada e um chocolate ruim pra caramba

Como não faríamos o tour, fomos comer. Queríamos ter um almoço digno da despedida. Acabamos num restaurante bem mais ou menos, ali mesmo próximo do hostel, na praça San Francisco, comendo frango e tomando chica morada.
   
Então, só pra desencargo, contratamos um táxi para nos levar até algumas poucas ruínas. Chovia fino, aproveitamos pouco Sacsaywaman, Q’ento e Pucapucara. Assim, rapidinho. Já estava meio cheio de tanta informações sobre os incas.

 Sacsaywaman: ruínas incas delivery

Na cidade, compramos água e comida. Eu dei um pedaço de chocolate e estranhei a cara de Marco. Aí, dei uma mordida. “Putz, que troço ruim!”. Era cacau concentrado para preparar chocolate – esta barra ficou anos parada na minha geladeira. Chegamos na Praça San Francisco, nosso QG em Cusco. Era hora das despedidas.

Ajudei Marco a pegar as bagagens no hostel até o táxi. Foram tantos dias juntos e aquele momento de despedida estava estranho. Ele tinha uma mochila nas costas e outra na barriga (como eu faço), o que atrapalhou o abraço. Dei um beijo no rosto do meu amigo, desejando boa viagem e, quem sabe, nos encontramos para outra aventura. Sabia que seria difícil.
   
A história com Marco chegara ao fim. A minha não.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Círculos, sal e uma árvore ao chão

A última machadada é desferida sobre o tronco da árvore, que não aguenta e tomba. O autor do golpe olha para os lados, seus amigos lhe apontam. Riem. Apesar do dia de festa, ele respira descontente: acabara de adquirir uma enorme dívida.

Em nossa peregrinação pelo vale sagrado de Cusco, Marco e eu seguimos de Ollantaytambo a Maras, povoado localizado a 46 km de Cusco, na província de Urubamba, a 3.380 metros de altitude. Na região, ficam as águas salinas e as ruínas de Moray, nossas próximas paradas. De van, fomos à primeira delas.




Os espelhos d'água das águas salinas.


As águas salinas ficam em Qoripujio, 4 km de Maras, e são exploradas desde a época dos incas. É um enorme aglomerado de tanques, cada um com 5 metros de largura, cheios de água salgada exudadas pela montanha. Em épocas secas, o sol evapora a água deixando o sal.

Segundo a lenda, os primeiros maras surgiram quando Ayar Cachi (“Senhor do Sal”) converteu as montanhas nas proximidades de Cusco. Este povo fazia um importante intercâmbio econômico com os incas e, ainda nos dias de hoje, Maras é a maior produtora de sal do Sul do Peru.


Estradas que levam a Moray

Para as minhas lentes e às de Marco, o que importava era o brilho dos cristais de sol que deixavam a paisagem radiante. Fizemos algumas fotos, apreciamos o lugar e fomos para a segunda parada.

Os círculos de Moray

Aquele momento no carro foi um dos mais bacanas da viagem. Música ao fundo, o Marco conversando com o motorista e eu, na minha, com a cabeça encostada no vidro apreciando paisagens lindas: o céu glorioso, as nuvens fazendo sombra sobre a cadeia de montanhas de Vilcabamba e, em primeiro plano, pastores de ovelhas e campos com flores amarelas.


Momento by myself da viagem. Ótimo.

Moray é impressionante. São imensas crateras em círculos concêntricos, algumas com mais de 100 metros de profundidade, divididas em diferentes níveis de altitude. Eram usadas pelos incas como um laboratório agrícola – para cada nível, um diferente microclima especializado em uma cultura. No total, eles podiam cultivar 250 espécies de plantas.


Os impressionantes círculos de Moray.

As crateras parecem anfiteatros naturais. Cheguei a imitar o Pavarotti enquanto explorava o local. É interessante descer a escadaria, ficar no centro dos círculos e imaginar como este antigo povo era avançado.


Cena bucólica, como se fosse pintada a mão.

Já era tarde. Deu tempo de dar uma última olhada nas montanhas e o tapete amarelo de flores aos seus pés. O motorista nos levou até Maras onde pagaríamos o ônibus para Cusco. E no caminho, nos contou sobre a Kaswa, a festa de carnaval do povoado.



Fim do dia em Maras. Agora, Cusco.


A tradição acontece em fevereiro. A Yunza é o ritual que junta os solteiros da cidade na praça central: eles ficam tomando chica morada e dando leves machadas em uma árvore que é plantada no dia anterior. Quem derruba a árvore fica responsável por organizar a festa do próximo ano – o que não sai barato, cerca de 2 mil soles.

Assim, mesmo com as músicas, as danças e a chica morada, o nosso colega solteiro do início do post acaba terminando a noite um pouco mais pobre.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Rascunhos no Twitter

Amigo leitor!

Agora você pode acompanhar os rascunhos também no site do passarinho azul. Criei um perfil no Twitter para dar pequenas dicas de viagens. Qual é a melhor época do ano para ir a Machu Picchu? Aceito aquela carona de camelo entre a Queóps e a Esfinge? Vale a pena comer na rua de Praga?

Veja em: @rascunhosviagem

Quem gosta de viajar e curte os racunhos acompanhe também por lá. Dê um RT de vez em quando pra ajudar a divulgar.

Abraço e boa viagem!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Na militar Ollanta, eu estava em guerra

Estava nervoso com a intransigência da mulher na lan house. Passei um puta estresse logo cedo para salvar as fotos em um CD. O sabor do café da manhã se tornara amargo diante de minha raiva. Marco só observava enquanto eu chutava pedrinhas pelas ruas de Ollanta. “Murilo, basta de reclamar”, repreendeu-me. Às vezes é difícil controlar esta fúria que me toma quando algo me emputece. É com se ela assumisse o controle. Aí eu saio do sério mesmo. Não xingo nem falto com respeito, mas elevo o tom. Fico puto, chato.



Enquanto eu chutava pedrinhos, o cão peruano, alheio, dava de ombros

Ollantaytambo não era lugar para isso. A manhã já tinha sido boa com um café especial e as músicas no hostel. Com a beleza daquela cidade de pedras, e com a cara de desaprovação de meu amigo Marco, fiquei mais calmo. Pendurei a câmera no pescoço e fomos visitar mais um sítio arqueológico.


As ruas de Ollanta, ainda cheias das pedras incas

A cidade, aliás, é o próprio sítio. As casas guardam a estrutura inca, com as paredes de pedras e telhados modernos. As ruas são as mesmas por onde andou o povo antigo. Caminhamos e vimos garotos vestindo trajes típicos – turistas desavisados sacavam fotos e eram cobrados em seguida “Ahora, me pagas”. Nós passamos direto.

Ahora me pagas! Não paguei

Bonito o sítio de Ollantaytambo, todo em uma encosta de montanha. A cidade era um posto militar dos incas, mas também um complexo religioso, administrativo e agrícola. E, como toda a região, está cheia de simbolismo. De alguns pontos lá de cima, vimos traços na montanha de frente que lembram rostos humanos.

Na montanha, o rosto de um velho é um dos vários simbolismos

Em uma pedra, o imperador Pachacutec sentava-se voltado para o sol que, no solstício de inverno (21 de junho), nascia exatamente atrás da silhueta de um rosto, na montanha. E por aí vai.

Marquito na escadaria e descansando

O dia de Ollanta, na verdade foi dividido em dois. Tínhamos ainda círculos e águas salinas para conhecer. Próxima parada: o povoado de Maras e suas histórias.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O Trem Inca

Então o Trem Inca seguiu seu caminho. Na volta a Cusco escolhemos ir a pé. Difícil encontrar alguém que concordasse com a ideia, pensava eu de Marco. Ele pensava o mesmo de mim. Trato feito, andamos os dois sobre as pedras soltas da linha férrea. Para não machucar os tornozelos, fomos de “trem”.

O famoso Trem Inca (foto: Marco Villano)

Aguas Calientes fica no km 110 da ferrovia que liga Cusco a Machu Picchu. Entre os dois destinos, há um povoado no km 82 onde poderíamos pegar uma van até Ollantaytambo. Fomos pra lá, 28 quilômetros pelo vale sagrado. A pé e soltando fumaça.

Foram quase oito horas andando sobre os trilhos (foto: Marco Villano)

Andamos um bocado pelas pedras que sacolejavam sob os pés. Se a distância é ruim, um terreno hostil piora o percurso. Vimos um senhor andando sobre o trilho do trem usando um pau como bengala para não cair. Aperfeiçoamos a ideia – o pau sobre nossos ombros, os pés sobre trilhos. Apelidamos de Trem Inca.



Pelo caminho, passamos por túneis, driblamos trens (estes de verdade), cruzamos com outros transeuntes. Diante de uma hidrelétrica, almoçamos pão com atum e pão com doce de leite e banana. Buonisimo! Experimentamos a tuna, uma flor de cacto. Vimos picos nevados e passamos por ruínas. O Marco foi mordido por um cachorro. Rimos. Sempre com o bom Rio Urubamba/Vilcanota ao nosso lado. Saímos às 9h para chegarmos às 5h30 no povoado. Não tínhamos pressa.

O caro trem de Machu Picchu a Cusco.

A chegada ao km 82 e a mordida na perna de Marco. Dia maluco.

Mas deveríamos ter tido. No povoado, a última van já tinha saído, não havia hospedagem e estava tarde. Conversamos com uma piazada, buscando informação. Escuro, estávamos exaustos, as pernas latejando, os ombros doloridos. Marco sugeriu andarmos mais 15 km em plena noite! Não foi preciso, por 40 soles, uma van milagrosa nos levou até Ollantaytambo.



Encontramos um lugar dirigido por um simpático hippie. As roupas do cara e a decoração do hostel já acusavam. Mas tinha também a pequena Quilla (Lua, no idioma quéchua), filha do dono. Dormimos o melhor dos sonos para, no outro dia, tomarmos o melhor dos cafés da manhã.

Tínhamos a magnífica Ollanta para conhecer.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Marco Andrés Villano

Vínhamos andando havia horas, pé ante pé, sobre os trilhos do trem. Marco de um lado, eu do outro. Entre nós, um pedaço de pau sobre os ombros nos mantinha em equilíbrio. Era o Trem Inca soltando fumaça desde Águas Calientes em direção a Ollantaytambo.

Marco Villano, amigão de viagem.

O Trem Inca é a melhor ilustração do espírito de camaradagem entre meu amigo argentino Marco Andrés Villano e eu. Uma amizade que, na altura de Cusco já ganhara a força de um trem, mas que começara a pegar velocidade na “estação” de Potosí, ainda na Bolívia

Ainda com Ben, nosso amigo norte-americano, na mina de prata. Nossa amizade começou em Potosí.

Lembro que quando vi Marco na van que nos levaria à mina de prata, já sabia que ele seria um bom amigo de viagem, como Daniel em Uyuni ou a turma de Salta. Não imaginava que se tornaria o melhor de todos.

Marco, como eu, é apaixonado por fotografia. Não foram poucas as mesmas fotos.

“Vamos combinar: eu tiro fotos de você e você de mim”, sugeri como faço sempre que viajo sozinho. Ele aceitou e ali começou o pacto das “mesmas fotos”. Em La Paz, desviei o caminho para andar com ele e com Ben até Copacabana. Foram 13 dias ao lado de Marco. Uma dupla que, a despeito do idioma, se entendia muito bem.

Marcão: paciência de Jó para me aturar por tanto tempo.

“Basta de reclamar, Murilo”, era uma de suas frases, quando eu estava sendo o reclamão de sempre. “Está de bom-humor hoje?”, perguntava. Com Marco, tomei as cusquenhas (eu debochava do sotaque portenho dele, repetindo “currrquenha”), brincamos com a propaganda da “Paceña, es cerveja”, e andamos um bocado.

Em Moray, dias finais da parceria.

“Você é gente boa, Marco... para um argentino”, dizia eu. Tivemos nosso quase lance com as chilenas, os revertérios estomacais em Copacabana e a chuva que atrasou nossa viagem. “Que mala suerte”. No fim, as andanças entre Machu Picchu e Cusco. “Tenemos que meter um buon paso”. O Trem Inca selava o fim da sociedade.

Faltava a despedida.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Pernas em Macchu Picchu

Foi difícil passar por Machu Picchu e ignorar a cidade inca. Tínhamos hora marcada na porta de entrada da trilha que leva à Hayna Picchu, a onipresente montanha atrás de todas as fotos da cidade. Os cabelinhos do braço estavam de pé quando passei pelas construções cheias de simbolismos e pedras perfeitamente justapostas. As ignorei. Seguimos olhando para frente em direção à fila.

A foto clássica. O ponto auge da viagem tinha sido alcançando.

Talvez não tenha sido a melhor ideia. Andamos um bocado por trilhas, passando por antigos postos de guarda incas e chegando ao topo da montanha. Fervia de turistas por lá. Alguns exibindo a bandeira e sendo reprimidos por isso – em patrimônios da humanidade é proibido hastear estandartes.

Do alto de Hayna Picchu tentamos identificar a puma de Machu Picchu.

Bonita a vista – bem mais ao alto que os 2.350 metros acima do nível do mar de Machu Picchu. Víamos a estrada que leva ao Parque, como uma serpente nas costas da montanha. Reparamos a cidade em forma de condor, pontilhada por capas de chuva coloridas - turistas e lhamas é o que mais se vê em Machu Picchu. Tomamos um lanche, tiramos fotos e saímos de lá. Fomos à Grande Caverna, local para rituais religiosos na encosta de Hayna Picchu.

Lhamas e turistas é o que mais se vê no Peru.

Nunca andamos tanto. Voltamos exaustos à cidade inca e, pela segunda vez, a ignoramos. Era hora de comer alguma coisa fora do Parque Arqueológico: tomamos uma sopa com Coca-Cola (!). Esticamos as pernas, relaxamos. Ainda teríamos toda a tarde.

A serpente, o puma e o condor

Os incas foram um povo interessante. Ligados à natureza, eles botavam símbolos em tudo – do formato de um templo ao seu posicionamento em relação ao sol. A trilogia inca – os três níveis espirituais representados por animais – está por toda a parte: a serpente diz respeito ao mundo de baixo, o Ukupacha, o mundo dos mortos; o puma é o mundo do meio, Kaypacha, dos homens; por fim, o condor é o mundo de cima, Hananpacha, o mundo dos espíritos.

Simbolismos: pedra imita a montaha Hayna.

Com um guia turístico, aprendemos sobre a trilogia. Vimos como as pedras do templo do condor se parecem com as asas da ave; conhecemos o templo das três janelas também em referencia à trilogia. Passamos pelas áreas agrícolas e urbanas da cidade inca.

Casa de las três ventanas, uma das várias habitações da cidade inca.

Lá do alto, no início da cidade, o recinto do guardião. A primeira zona agrícola, em forma de escadaria, onde lhamas pastam atualmente. Depois, a porta principal, a torre, os depósitos, as fontes. Conhecemos o setor real, provável moradia do imperador Pachacuteq. Passamos pelo observatório, a praça principal, o grupo das três portadas até chegar novamente do outro lado, diante da rocha cerimonial, que imita a montanha Hayna Picchu ao fundo.



Chovia em Machu Picchu. Marco e eu já estávamos fartos de andar e a noite avançava pelo céu inca. Deixamos a cidade sagrada em direção a Águas Calientes. Ônibus a sete doletas? Fomos a pé. Caía uma chuva fina e um cachorro ia conosco – ora atrás, nos seguindo, ora na frente, nos guiando. Quando chegamos lá embaixo ele tinha sumido. Era uma alma de cão garantindo que chegássemos ao destino, brincamos Marco e eu.

Marco e eu com as bandeirinhas invertidas.

Peguei minha porção de água do Rio Urubamba (a coleção, já falei dela por aqui), tomamos banho e fomos jantar. Na mesa, as bandeirinhas do Brasil e da Argentina. Experimentamos o tal Pisco Sauer, bebida cuja autoria é motivo de briga entre Peru e Chile. Embora o dia fantástico, estávamos sem assunto. Marco e eu sabíamos que nosso tempo de parceria estava acabando.

Mas teríamos tempo para uma última viagem.