A noite é produtiva, o café expresso com açúcar espantou o sono e, aproveitando que o notebook já está ligado, rascunho mais um post. Viagem de volta, mais de dez mil metros de altura. O tema (pausa para turbulência) é conforto, coisa rara nesse vai-e-vem sem fim.
Quem se sujeita espremer-se na classe econômica deve estar preparado para tudo. Mas há coisas piores. Hoje finalmente pude entender na plenitude porque os mineiros chamam ônibus metropolitano de ‘humilhante’. Os saltos que a máquina dá nas lombadas, realmente, provocam situações vexatórias até mesmo para a mais paciente das almas.
Noves fora, temos os ônibus de linha, em que humilhação é palavra de ordem. Imaginem-se enfiados por 16h em um caixote com rodas, tendo que conviver com todas as espécies de criaturas e situações (leiam os top fives aí do lado e conversamos melhor depois). Após sofrer com frio, aperto e desconforto, no entanto, resolvi contra-atacar. E para isso, tratei de comprar armamento e munição.
Há algumas semanas ando com uma almofadinha em forma de meia lua, para colocar no pescoço. A mulher que me vendeu disse que o material é o mesmo usado pelos astronautas da NASA. Não importa, tem funcionado. Podem me chamar de fresco, mas nada como um pescoço firme e livre de eventuais “pescadas”.
Nesta última viagem resolvi melhorar o arsenal. Nos bolsos laterais de minha mochila, a garrafinha de água (outra munição) já não está mais sozinha: carrego também um par de pantufas, que usei nas várias horas do ônibus e uso agora no avião. Coisa de velho? Pode ser, mas melhor que deixar o pé fechado em um sapado apertado sabe-se lá por quanto tempo.
Já tomei a precaução do agasalho, mas a manta axadrezada pertence a um futuro distante. Em algumas viagens, sempre é bom algumas frutas e a inseparável garrafinha d’água. Claro, toneladas de livros e revistas, porque viagem sem ler não tem graça. Mp3 nunca foi minha praia e não será até que eu compre outro.
Mas agora a noite, quando entrei no avião, vi uma novidade. Um cara de bigode e chapéu exibia uma almofada-meia-a-lua como a minha e mais uma arma: um tapa-olho! Com essa ferramenta, fica livre de luzes de leitura ou faróis de carros que ofuscam a vista.
Quem sabe...
Um comentário:
Eu realmente admiro demais todo esse seu empenho de enfrentar essas longas horas de viagens, esses tantos gastos, esperas, finais de semana na estrada.. mas pode ter certeza que m mais pra frente vai valer cada um desses minutos!!
Mas que é engraçado te imaginar de almofada no pescoço, manta, pantufas e tapa olho é... já rio só de fechar os olhos e imaginar a cena
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