Tínhamos tempo. O combinado era não dormir e sair no outro dia às 6h, rumo a Estocolmo. Conhecemos o centro e nos perdemos por algumas ruas, guiados por um mapa improvisado. Visávamos os museus Van Gogh e o Rijksmuseum. Entramos em uma ruela e chegamos a uma exposição em uma “rua fechada” – uns quadros gigantescos e muito bonitos.
Mais adiante chegamos a um vilarejo fechado. Casinhas, florzinhas, pracinha, estátuas, igreja, uma árvore centenária. Parecia aquelas cidades abandonadas de jogos como Resident Evil. Um verdadeiro set cenográfico – para sair da vila, passamos por uma porta (surreal).
De volta ao centro da cidade continuamos a caminhar boquiabertos. Aquela arquitetura encantadora, carros, trens. Aos poucos nos acostumamos em andar em meio a tanta informação. Reparei na quantidade de bicicletas amarradas aqui e ali e muitas delas tombadas no chão. Era quase um chavão da cidade: bicicleta tombada. Outra característica, não só de Amsterdam mas de todas as cidades pelas quais passamos, todas estão em obras. Muitas obras. Dizia que a Europa é um canteiro de obras.
O amarelo de Van Gogh
Chegamos ao belíssimo Rijksmuseum, um museu de arte e história que possui uma coleção belíssima de vários artistas, dentre eles um tal Rembrandt, pintor local. O próprio museu é uma peça de arte; ficamos tentados a entrar e conhecer. Mas precisávamos fazer uma escolha. Ali pertinho estava o museu Van Gogh, outro holandês famoso, este pós-impressionista, diga-se. Optamos pelo tom amarelo de Van Gogh, mas não sem um aperto no coração.
Ver as obras de Vincent van Gogh de pertinho valeu a pena. Interessante as pinceladas ligeiras em cada um de seus auto-retratos, o tom amarelo (genialidade ou daltonismo?), a riqueza de cores de quadros como “O Quarto em Arles” e, claro, o belíssimo “Doze girassóis numa jarra”, diante do qual me demorei alguns minutos. Emocionante.
Dali seguimos para outro ponto turístico, o Vondelpark, conhecido por permitir o sexo em suas dependências a partir da meia-noite. O parque é muito bonito, cheio de fontes e lagos. Teve um maluco que se aventurou nadar no lago; e olha que o dia não estava lá tão quente. A despeito do sol, havia um ventinho que incomodava. Estendemos a bandeira do Brasil no gramado e ficamos sacando os caras tentando jogar bola. Acho que dormimos mais de hora sob aquele sol.
A viva España!
A próxima parada era comida e jogo de futebol. A Espanha iria enfrentar a Itália pelas quartas de final da Eurocopa. Nos enrolamos para escolher um lugar, mas encontramos um cantinho repleto de espanhóis. Na TV, antes do jogo, passava comentários sobre o campeonato e algumas propagandas bizarras. Diante dela, como espectadores, um monte de espanhóis alucinados. E Viva España! Jogo emocionante e sem gols, perdemos umas boas quatro horas fechados no bar, acompanhando tempo normal, prorrogação e pênaltis. No relógio, dez da noite passadas, mas ainda havia luz do sol. A Europa é estranha.
E deu Espanha com defesas do goleiro Iker Casillas. Espanholada saiu festejar na rua, enquanto o Juttel e eu fomos comer um Burger King. Morrendo de fome, demos uma bicuda na idéia de se alimentar só de comida local. Queríamos alimento plastificado. E dá-lhe mordida.
As luzes
Já era noite e estávamos andando feito bestas. Chegamos em uma praça cheia de estátuas em tamanho real e ali perto em um barzinho brasileiro. Bandeira tupiniquim e tudo. Vimos os canais que cortam Amsterdam sob a luz noturna, os poucos pontos de agito. Domingo é foda. Encontramos alguns coffe shops, mas não entramos.
Nosso foco era outro. Procurávamos o famoso Red Light Districit, o reduto onde o sexo é comercializado nas vitrines das lojas. Bizarro. As mulheres se oferecendo atrás de um vidro, fazendo caras e bocas. “Ela gostou de mim”, brinquei. Sorri nervoso, parecia um daqueles filmes futurísticos, em que o mais bizarro é cotidiano.
Das portas saiam rapazes com um brilho no olhar e expressão de satisfeito. E nelas entravam outros, ainda nervosos, sem saber o que fazer com as mãos. Vimos algumas portas se fechando, com o rapaz já sentado na cama. Profissionalismo total. Obviamente não fizemos fotografias. Ali, sexo é coisa séria.
Soneca no Schiphol
Voltamos de Amsterdã para o Schiphol e lá tivemos que esperar o vôo. Estava cansado, com o corpo doendo e cabeça em igual estado. Ensaiei alguns cochilos no banco enquanto o Juttel arrumava suas coisas. Na cabeça levei um boné “I amsterdam”, e a impressão de uma belíssima cidade, presa ao passado por sua arquitetura, mas ao futuro pelos seus recentes costumes.
Costumes que beiram ao cômico e dá espaço às pilhérias, mas que mostram muito de uma cidade onde sexo e drogas passam longe de ser os principais problemas urbanos. Assim é Amsterdam.
Mas chega de Holanda, porque o vôo partiu. Dormimos durante todo o trecho perdendo o café da manhã, para desespero do Juttel. Acordaríamos em Arlanda, o aeroporto de Estocolmo, e eu receberia uma notícia bem desagradável. Para meu desespero.
Isso, no entanto, você acompanha em seguida.
Um comentário:
ahhhh isso é pior q novela!!! ter q esperar pelo proximo capitulo é cruel!!!!!!!
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