domingo, 20 de julho de 2008

Do you speak english?

Estávamos andando do hostel ao centro de Estocolmo e começamos a reparar as placas de sinalização. Parece brincadeira o que está escrito. Aliás, o que está escrito? O Enio, o Juttel e eu demos nossa própria interpretação do tipo “Se o tufão passar, vá de táxi”, e outras coisas do gênero.

Tentativas frustradas de entender essa estranha Europa

Algumas coisas, entretanto, acabam ficando óbvias demais. Nos metrôs da Suécia, por exemplo, é fácil se orientar: quando diziam “Nesta” significava “na próxima” estação. Nada mais óbvio. Em Malmö, primeiro dia, o Juttel e eu reparamos os nomes das ruas – terminações em gatan (rua) ou vägen (?). “A próxima rua se chama Industri..., ganha um doce se souber o resto”, dizia eu. “Industrigatan!”, respondia. E o filho da mãe acertava. Na Alemanha, os parques terminam em garten e em Viena as praças em platz. Em Budapeste, tudo é acompanhado por tér ou utca. O primeiro significa praça. Ignoro o segundo.

Em Malmö, leitura farta

Aliás, comunicação foi um tema interessante por toda viagem. Na Suécia pululavam aquelas palavras gigantescas, as tremas (ö) e aquelas bolinhas sobre as letras (å). Em Copenhague, a moda são os zeros cortado, sinal do conjunto vazio, que está no próprio nome da cidade: København. Em Berlim voltaram as mega palavras, que continuaram em Viena. Em Budapeste a novidade são as palavras com vários acentos agudos e, por fim em Praga, ficam valendo os acentos circunflexos de ponta cabeça.

Placas: elas certamente querem dizer alguma coisa

Mais interessante ainda foram as tentativas de comunicação falada. O pessoal se orgulhou de ter desenvolvido o inglês e eu me dei bem nos dois dias conversando em italiano com a Frederica e a Rossella. Era hilário ouvir a Frederica dizendo a frase treinada “Eu posso falar português, eu moro no Bexiga!”. Mais hilário ainda era ver o Enio tentando falar italiano, o Juttel espanhol e o Murilo inglês.

Não entendi!

Mas em algumas ocasiões é preciso relevar. Passamos por países bárbaros em que o idioma quando não se resume a grunhidos, é um compilado de sons impossíveis de serem repetidos. Ao menos para nós gente normal.

Por exemplo a voz eletrônica no metrô, em Budapeste, logo quando cheguei na cidade. Parecia filme de terror. Pior ainda foi no dia do martírio (leia mais a frente) ainda em Budapeste. O som que saía do sistema de auto-falantes na estação de trem era tudo menos palavras. Ritmado, parecia música. Somente húngaros para entender. Ou nem eles.

Em alguns casos, no entanto, era até divertido estar numa torre de babel. Em Praga, passeava no meio daquelas hordas de turistas ouvindo mil e um idiomas. Tinha hora que o som era tão diferente do inteligível que mais parecia um “crá-crá” de urubu-rei. E evoluía. Dependendo da nacionalidade do falante eu ouvia o som das baleias ou ainda aquele “bló-bló-bló” da professora do Charlie Brown.

Agora, tão divertido quanto não entender patavina é não ser entendido. Na capital tcheca, eu ficava perdido pelas ruelas falando alto “Como é bom falar e não ser entendido. Oi turista, você não faz idéia do que eu estou dizendo”. E o pessoal nem aí.

Nas lojinhas e mercadinhos, depois de comprar coisa para comer sem saber o que era, eu sempre agradecia. Mas em alguns lugares tanto fazia dizer “Thank you” ou “Tua mãe”, a pessoa não entendia mesmo.

Em Berlim, bonequinho do semáforo é atração turística. Em Budapeste, sinais para ciclistas

Já em Viena, o Juttel abusou. Estávamos no aperto da Fanzone, para ver a final da Eurocopa, e ele gritou para mim: “Murilo, espera que tá apertado. Esta gorda aqui tá me esmagando”. Depois reconheceu que a moça poderia ter entendido. Mas ela não entendeu.

No metrô, ainda em Viena, fizemos terrorismo com uma pobre menininha, cuja mãe no celular nem notou nossa presença. “Olá pequena austríaca, eu sei que você não pode nos entender, mas você deve ter medo”, dizia o Juttel para o desespero da menininha. “Meu amigo aqui ao lado adora cérebro de criancinhas”, falava apontando com a cabeça para mim enquanto eu fazia cara de psicopata. A menina se encolhia no colo da mãe. A mãe nem tchum.

Meu Deus, que maldade!

Mas se virar em meio a idiomas bárbaros não é lá tarefa de outro mundo. Depois do “Do you speak english?” nos restam os gestos. E há certas mensagens que são universais, como perguntar as horas, por exemplo. Basta apontar para o pulso e fazer uma cara de interrogação. Aí não importa se você diz “Que horas são?”, “What time is it?”ou “O corvo pousou sobre meu ombro!”. O cara vai sempre mostrar o relógio.

A moral da história? Sei não. Talvez “quem não se comunica se trumbica” ou “quem tem boca vaia Roma”. Algo assim. Ou em qualquer outro idioma.

4 comentários:

Anônimo disse...

Murilíssimo, utca é rua!

Mensageiro disse...

Eita!!!!
É por isso que eu digo:

O puto com cem paus na algibeira se enfia no rabo da bicha em frente ao talho!!

Rescunhos de Viagens disse...

O David postou um comentário interessante na comunidade da Turma da Mõnica, no orkut. Compartilho com vocês:

na islândia já fomos quase presos pq demos comida p/ um cachorro perdido na rua e ele começou a seguir a gente... aí o povo q via achava q o cachorro era nosso... e lá não se pode ter cães sem autorização... muito menos andar com um solto na rua... até explicar o q tava acontecendo...

na primeira vez q fui p/ berlin fui inventar d dar uma volta em torno do quarteirão do hotel p/ conhecer um pouquinho da cidade... só q os quarteirões d lá não são quadrados como os daqui... se vc seguir a calçada direto, sem atravessar ruas, ela não vai t levar até o ponto q vc saiu... quando percebi isso já estava andando ha uns 30 minutos... comecei a me desesperar e comecei a abordar as pessoas na rua p/ ver se achava alguém q falasse inglês... ninguém!!! isso sem falar no povo q achava q eu era um pedinte ou algo parecido... ficava falando "please, please" p/ todo lado e nada... mudei d tática e comecei a falar o nome do hotel p/ ver se alguém conhecia e me indicava o caminho... nada tb... não poderia pegar um táxi pq tava sem um puto no bolso, sem telefone, sem cartão, sem nada... nem o passaporte tava comigo... tb não achava um guarda na rua! tive a brilhante ideia d voltar pelo mesmo caminho q fiz... andei mais d 1 hora!!! nada do hotel aparecer... as ruas lá são muito estranhas... tem ruas q parecem calçadas... não passam carros nessas ruas... eu já tava quase fazendo sinal d S.O.S na rua quando vi um restaurante com uma bandeira do brasil na placa... pensei "tô salvo!!!". entrei lá e não tinha uma alma q falasse português! todos atendentes falavam espanhol! consegui explicar mais ou menos o q tava acontecendo e um dos atendentes conseguiu ligar p/ o hotel onde eu estava hospedado e consegui falar com um amigo q estava lá... e ele foi no restaurante me pegar... tenho q aguentar gozação até hj por causa disso...

por essas e outras é q nunca mais vou a um país d língua off-david sem um cel com gps!!!

Helen Mendes disse...

acho que a placa da quinta imagem diz "Voce que esta fazendo malabarismos com laranjas siga a direita"

bjs