Depois do sistema de som da estação ferroviária de Budapeste, no último dia, e do metrô, no primeiro, a coisa mais estranha que me aconteceu foi a viagem da Hungria para República Tcheca. Estava cansado, vencido pelas horas de espera. Derrotado. Precisava de uma noite de sono para sobreviver ao próximo dia.
Dividiria a cabine do trem com um casal de húngaros cheio de afagos. Dei uma olhada em volta e encontrei outra cabine vazia. Foi ali que me instalei. Luz apagada e corpo idem, caí no sono. Entrei em um estado de entorpecimento que me levam a duvidar se as coisas que aconteceram foram reais ou fruto da minha imaginação.
Calma, não foi nada demais. Lembro de um senhor barbudo, com uma bengala feita de galho de árvore. Ele entrou e conversou comigo em seu idioma próprio. Eu, meio dormindo meio acordado, respondia sem muito interesse. Ele se posicionou próximo à janela e fez um lanche.
Lembro de ser acordado com a bengala caindo forte em minha cabeça. Curva do trem, não agressividade do velho. Voltei a fechar os olhos, acordei, dormi de novo. Quando tornei a acordar o velho não estava mais na cabine.
Fazia frio, e num ato de puro patriotismo me enrolei na bandeira do Brasil. Foi assim que terminei uma curta e estranha viagem. O dia, embora chuvoso, já iluminava as vistas. Chegara na República Checa. Praga, minha última cidade na Europa.
E se os leitores deste blog (os três: eu, meu sôfrego eu e meu ego) tiverem fôlego, e paciência, termino essa história nos próximos posts. Aguardem.
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