A linda e polinésica Anakena, com seus coqueiros, céu aberto e mar azul turquesa
Tinha chegado cedo naquele domingo ao aeroporto Mataveri, após um dia de conexões. Em uma de minhas paradas, de volta ao aeroporto Jorge Chávez (Lima) após quatro anos, tentei sem sucesso dormir algumas horas. Ilha de Páscoa é misteriosa ao amanhecer. Em parte, pela expectativa que temos antes de conhecer qualquer lugar. Passei a manhã dormindo na casa de Roberto Osorio Ossandón, meu amigo CouchSurfing que me hospedaria por três dias. Rober faria mais: apresentaria o amigo Carlos “Nacho” Toledo, sua esposa, Vianca Toledo, e a filha de 5 meses e meio, Amanda. Sem os quatro, a viagem não teria a menor graça.
Foi com eles que conheci o pastel de choclo, minha primeira refeição típica chilena - uma torta à base de milho com carne moída, frango e salpicada de açúcar, servido pelo chef Rober. Uma delícia! Almoçamos, tomando a cerveja chilena Escudo. Depois, colocamos os dois caiaques de Nacho na picaque e fomos à praia, do outro lado da ilha.

Água, céu e areia em Anakena
Cabe aqui um breve mapa de Páscoa: a ilha é triangular, com lados de 24 km, 16 km e 12 km, e área de 166 km2. O aeroporto é praticamente dentro da cidade de Hanga Roa, o único vilarejo, localizado na ponta sudoeste do triângulo. Alguns pontos turísticos, como o grande vulcão Rano Kau, o centro arqueológico de Orongo, o complexo Tahai ou Ana Rai Tangata ficam nesta região, a poucos minutos a pé de Hanga Roa. A praia de Anakena fica no outro extremo, 18 km à norte, entre os vulcões Terevaka e Poike (os outros dois grandes). Uma estrada em ótimo estado chega até a praia.

Remando perto da praia de Anakena. Parece que estou em uma abóbora
Além de linda, Anakena tem uma particularidade: é uma praia com som ambiente. Em um elevado, os nativos colocam caixas de som enormes tocando música suk, ou kisomba, uma batida parecida com a do reggaeton que é mixada a toda música pop, de Adele à MPB. Com este som, dei minhas primeiras remadas no mar azul e gelado da Polinésia. Fazia sol, me afastei da costa e deitei sobre o caiaque apenas para curtir.
Rober, Nacho e Vianca com Amanda no colo. Praia com os amigos
Ufa, o sol já está torrando, melhor voltar para a margem. Tomei mais algumas Escudo com os amigos, mas as obrigações de pai e mãe forçavam Nacho e Vianca a levarem Amanda para casa. Rober, por sua vez, estava doente com início de inflamação da garganta. Eles foram, eu fiquei, com a promessa de voltar de carona.
Ahu Nau Nau, em Anakena. Um ótimo exemplo de moais com pukau
Pude caminhar um pouco mais pela praia e me aproximar pela primeira vez de um moai: o Ahu Ature Huki, com seu moai isolado. Depois, o belíssimo Ahu Nau Nau, erguido sobre areia da praia com seus sete moais (cinco deles inteiros, quatro com o pukau sobe a cabeça). Vamos lá, já está na hora de explicar alguns termos: ahu é a plataforma onde são erguidas estas estátuas de pedra, os moais. Pukau é o adorno colocado sobre a cabeça que, embora lembre um chapéu, provavelmente representa o cabelo amarrado para cima, típico do povo rapa nui e polinésico em geral.
De longe, o ahu Nau Nau e o mar de Anakena
Era tarde e, com duas caronas, cheguei à Hanga Roa. É fácil conseguir carona na rota que leva à Anakena. Espere, acene e sorria: os carros param. Dei uma volta ainda perdido pela cidadezinha, fui à costa, vi outros moais, mas não estava familiarizado - só no terceiro dia a gente está. Cheguei tarde à casa de Rober para comer um macarrão ao molho branco com meu amigo. Ele estava mal, dormimos cedo. No outro dia, conheceria o primeiro dos três grandes da ilha de Páscoa.
Um comentário:
Adorei! É muito bom ler um texto, com fotos lindas, dizendo sobre um lugar maravilhoso e misterioso, escrito por uma pessoa que conhecemos pessoalmente. Vou ler todos.
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