terça-feira, 3 de abril de 2012

Dia 4: Palhaços na despedida de Milano

Ciao Mamma, come stai?

Quarto dia na Itália (18/02). Estou em Verona, em um hotelzinho furreca que me aceitou pela bagatela de 35 euros. Na verdade tem hostels mais baratos que isso e, se tivesse encontrado um CouchSurfing, pagaria nada. Não sei porque vim pra cá, a cidade não é lá essas coisas. Vá lá, nem tudo é um mar de flores.


Bem, levantei tarde hoje em Milano. Chegamos ontem de madrugada, mortos. O tram (aquele trem elétrico que anda no meio do trânsito) demorou para passar e eu estava dormindo em pé. Pegamos o tram e fomos para casa do Tommy, eu, o Tommy, o Mário e o Elio (que moram lá também) e outros amigos do pessoal. Nos espalhamos pela casa para dormir.

Na noite anterior, novos amigos e pouco sono

Foi engraçado, o pessoal é super gente boa. Ficavam me chamando de Mourinho, o técnico do Inter de Milão, e pedindo para eu escalar o time. O Tommy falando em português e sambando – é a resposta dele para nós que, sempre quando imitamos os italianos, mexemos as mãos e falamos “Ma che!”

Lembrar de Tommy e cia me faz pensar que viagem sozinho não é assim tão glamourosa. Se ontem estava no meio do pessoal, hoje estou num quartinho minúsculo de hotel, em Verona, ouvindo música no celular e com frio nos pés (vou ali colocar meias).

Aí, acordei tarde hoje. Estava realmente cansado e com dor nos pés. Preferi usar o meu tênis de montanha, porque os dois pequenos que eu trouxe são uma droga (maldita ideia de trazer o tênis de futebol de salão e deixar o de caminhada em casa, quase comprei um tênis aqui). Outra coisa que quase comprei foi uma máquina fotográfica nova. Já explico porquê.

Milano Clown Festival em meu último dia na cidade

Abracei o Tommy e seu amigo, Vanni, que estava por lá e que vai me receber em Firenze (finalmente encontrei um CS da cidade). Peguei minhas tralhas e fui à luta. Antes de pegar o trem para Verona, quis dar uma passada última na Piazza del Duomo. Fazia sol em Milano. No dia anterior chovera o tempo todo, como Curitiba, chuva chata. No dia em que eu saí fez o maior sol e ia começar um festival de palhaços na cidade. Estava bem agitada a Piazza del Duomo, pena eu não ter ficado na cidade. Queria fazer umas fotos legais do Duomo sob a luz do sol. Maldita máquina, só me deixou com raiva. Até que fiz uma ou outra, não do jeito que eu queria.

Manifestações populares com muito humor

Peguei o trem na estação. Por quatro euros de diferença, preferi a 2ª classe. Tudo bem, viagem normal. Aí cheguei a Verona. Quase cinco da tarde, coloquei minha mala em um looker (guarda-mala) e fui resolver meu problema de pouso. Achei que seria fácil ir ao centro, pegar uma internet, ver se a mulher do CS tinha respondido, se não, buscaria o endereço de um hostel e tchau e bença. Que nada, é impossível se conectar em internet em Verona. Nenhum restaurante tem wi-fi, e das lan house, uma estava fechada e outra o cara estava de má vontade e tinha uma fila enorme. Fui a uma terceira, depois de muito caminar e domandare (perguntar).


Achei o endereço do hostel, mas não o hostel. Acabei ficando neste hotel furreca, porque já estava cansado de andar. O senhor da portaria, beeeem senhor, é estranho: não sei se ele é mal-educado ou muito debochado. Fico com a segunda opção, ele me faz rir. Perguntou onde eu vou com minha mala enorme e sempre que eu faço uma pergunta ele fica me olhando com uma cara séria, como se a dúvida fosse estúpida. É, o cara e gente boa sim.

Portal de entrada: bem-vindo a Verona!

O pessoal daqui é um pouco raro. A mulher não pode te devolver o troco pura e simplesmente, ela tem que jogar as moedas na mesa e fazer cara de c*. O cara da loja de máquinas fotográficas foi o pior. Eu ia realmente comprar uma máquina de 179 euros (uma bem boa, da Panasonic), mas quando pedi para olhar a máquina ele disse que só na vitrine. Quando perguntei se poderia dividir no cartão de credito ele disse que era meio óbvio que, se a máquina viesse em uma parte, o dinheiro tinha que vir numa parte também.

Estou puto com as duas máquinas de fotografar. Uma, aquela piorzinha, fica travando. A outra, simplesmente não faz foto quando tem muita luz. Já perdi um monte de foto boa e se amanhã ela continuar assim, vou ter que engolir o manezão lá da loja.

O anfiteatro de Verona. Em agosto, muitas apresentações culturais

Enfim, depois de um dia corrido quase não vi a cidade direito. Tem um centro bacana, com um portal imenso e uma praça gigante. No meio dela, uma arena romana, como o Coliseu de Roma, só que menor. Amanhã dou uma olhada. Em agosto vai ter apresentações do nível de Aida, Turandot e Carmem, e eu não vou estar por aqui...

Primeiro dia em Verona e algumas más impressões

Bem, é isso. Comi uma pizza gigante (fui atendido por simpáticas muheres, vá-lha-me) e estou no quarto com os pés gelados (sinto que o aquecedor não vai bem). Tive que voltar à estação para pegar minha bagagem e recebi informações erradas quando estava indo. Com o mapa na mão e confuso, pedi ajuda a uma muher que acabou me trazendo até o hotel de carro. Tomei um banho de rei agora, bem quente. Ao menos isso. Estou tomando banho a cada dois dias aqui. Bem ao jeito europeu, eles tomam três vezes por semana, o Tommy me disse, mas não fedem não. Vamos ver onde vou estar amanhã, quero voltar ao banho diário. Agora estou vendo olimpíadas de inverno. Em italiano, claro. Embora, erre algumas vezes, até que tenho me virado bem no idioma (hoje ajudei uma menina de Trento, que encontrei na estação, a traduzir um texto do espanhol para o italiano).

Beijo mama, Vou daqui e vc daí. E a gente vai se falando.

Arrivederci e auguri,

Murilo

Outro e-mail: sobre o frio, não está tanto. Já peguei frios em Curitiba muito piores. Ainda não tive a sorte de ver nevar, só neve no chão. Não trouxe muuita roupa de frio, podeia trazer outras só para ter mais opções, mas com estas estou bem protegido.

Um comentário:

Érica Valiati disse...

Só não gostei da parte de tomar banho a cada dois dias! haha (e claro, do colega simpático da loja).