terça-feira, 10 de abril de 2012

Carta extra: Pergunta aos retratistas

Quando viajei em 2012, não enviei e-mails só aos meus pais. "Cartas da Itália" faz uma pausa na cronologia e apresenta uma carta aos colegas de trabalho, os jornalistas e repórteres fotográficos da Divisão de Imprensa da Itaipu Binacional. Muita coisa se repete e resume minha passagem por Milano, Verona e a chegada em Venezia. Tive que retirar uma ou outra frase por se tratarem de assuntos de trabalho. A essência segue abaixo.


Oi pessoal, tudo bem?

Estou em Venezia, louco por um banho (o pessoal toma um a cada dois ou três dias, mas vou tentar seguir o padrão brasileiro) e comer alguma coisa (estou o dia todo com o catzo de uma broscheta e um brioche no estômago). Meus pés dóem de tanto andar e hoje tive um dia de sapo: choveu o tempo todo em Verona. Maldita Verona. Mas agora é a vez de Venezia.

Verona e seus guarda-chuvas abertos

A maledetta máquina tá dando um pau atrás do outro. E aí, pergunto aos amigos retratistas: o que seria? A Cannon está dando erro quando tento fazer algumas fotos, ela não movimenta o espelho e diz que deu erro. Pela lógica que eu vi, é quando eu uso a lente muito aberta (antes era abaixo de 24mm, mas agora ela tá reclamando até abaixo de 35mm). Aí eu olho aquela puta paisagem, abro em 17mm e dá erro. Aí fecho em 35mm e ela faz a foto. Outro padrão, me parece, é que quando tem muita luz, tipo uma paisagem com céu claro. Porque outra hora eu estava fotografando aberto, dentro de casa, e ela funcionou. Mas outras horas, não. Quase comprei uma Nikon portátil por 199 euros (daquelas bem boas, zoom ótico de 10X, 10 megpixels etc – a Panasonic com lente laica, 10 megapixels, está 179 euros). Arrependi-me de não ter comprado a 7D aí no Brasil...

Cena no Cimiterio Monumentale

Bem, cheguei a Milano depois de uma longa viagem, de passar pela simpatia da alfândega em Madri, e de conhecer simpáticas (estas, se, ironia) brasileiras no péssimo voo internacional (a holandesa KLM dá de 10 na espanhola Ibéria). Em Milano, conheci os principais pontos. Do Duomo, a igreja mais linda que já vi, ao Castelo Sforzesco, passando pelo Cimiterio Monumentale. Milano é uma cidade grande, bem bonita. Estava frio, mas o calor do pessoal que me recebeu foi ótimo. Se receber pessoas pelo CouchSurfing já é bom, ser hospedado é melhor ainda. Fiquei na casa de três estudantes, jantamos tipicamente italiano e, no último dia, saímos em um bar onde você compra os vinhos e fica degustando uns petiscos. Ótimo.

Il Castello Sforzesco

Aí resolvi dar uma passada em Verona. O dia tinha aberto, sol em Milão. Ia começar um interessante espetáculo de palhaços de quatro dias na piazza del Duomo, e o palhaço aqui com uma câmera que não funciona nas mãos. "Catzo!", estava puto. Peguei o metro e fui embora. Em Verona, sem CS, sem hostel. Demorei para achar uma lan house (não existe internet em Verona) e depois demorei e não achei um hostel. Fiquei em um hotel furreca. Para amanhecer hoje debaixo de chuva.

Despedida de Milano com festival de palhaços

Verona é interessante, e, como se tomasse um expresso troppo caldo, queimei a língua. Esbravejara contra a cidade no dia anterior e no dia atual. Mas ela é linda. Mesmo debaixo de chuva. Choveu o dia todo, como em Curitiba, aquela chuva chata que não chove, só molha. Um inferno. Comprei um guarda-chuva, "ma che!", Verona soprou o vento forte para não deixar nenhum guarda-chuva aberto em toda a cidade. Seria até engraçado se eu não tivesse no meio. Até tentei tirar fotos das pessoas e seus guarda-chuvas-com-vontade-própria, mas a máquina... Deixa pra lá.

Chuva em Verona. E minha máquina capenga. Ajuda aos retratistas

Aí fui andar pela cidade. Tem a Arena, um coliseu menor que o famoso, bacaninha; tem a torre da cidade, com uma vista linda; tem a Castelvecchio, cheio de museus históricos e repletos de pinturas renascentistas.  Andei ainda por uma rua cheia de lojas famosas (Benetton, Gucci, Louis Vuitton). Pati, amiga, você iria morreeeeer, eheheh. Passei pela belíssima ponte do castelo e sobre o lindíssimo Rio Adige (do qual, claro, peguei uma amostra de água). E fui à casa de Julieta (em Verona tem até o túmulo da criação shakesperiana, coisa para pegar turista asiático, eu não).

Primeira noite em Venezia: soa um alarme estranho


Aí corri e dei a Murilada do dia: quase perdi o trem para Venezia, mas usei o charme e a cara número 57 (aquela, de turista brasileira perdido) para conseguir uma carona até a rodoviária. Depois a usei a 58 para deixar o pessoal da fila do fast ticket (a máquina onde compramos o bilhete do trem) me deixar passar a frente. E cá estou, cansado e com fome, mas pronto para o dia de amanhã, que promete.

Beijão geral (para homens e mulheres, que não sou cara de frescuras). Vamos nos falando. Qualquer emergência, meu celular está funcionando. Agora me vou, começou a apitar uns alarmes loucos aqui na cidade, acho que Venezia está afundando...

Murilo (glub, glub, glub)

PS: Não, eu não revisei o e-mail...

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