terça-feira, 27 de março de 2012

Vida de aeroporto

As poltronas do aeroporto Jorge Chávez, de Lima, não são tão confortáveis quanto as do Cumbica, em Guarulhos. Sei lá, nada ergonométricas, pouco cômodas para uma noite de sono. Não era a primeira vez que eu viraria a noite dormindo em aeroporto e, regra da vida, não será a última. Mas as doze horas que passei no aeroporto de Lima tinham um quesito especial: desta vez, a culpa não foi minha.


Cadeiras ajeitadas e minha última viagem adiada

Vocês já devem ter lido aí pelo blog quando um cochilo instantâneo me fez perder o vôo para Foz do Iguaçu [relembre]. Também lerão mais pra frente sobre as 24 horas que passei no aeroporto de Madri. Em Lima, aculpa foi de um problema de comunicação. Conto pra vocês.

Durante meus mais de 20 dias pela América do Sul, pude treinar bem o portunhol. E o idioma estava afinadíssimo quando discuti com a atendente da LAN, empresa aérea chilena onipresente no subcontinente. Na época, ela fazia parceria com a TAM para vôos ao Brasil (hoje, as duas se fundiram).


Manhã no aeroporto. Bora? Deu?

Quando apresentei minha reserva de passagem, a mulher começou a dedilhar o computador. Como isso me irrita. Ela olhava na tela, caminhava para um lado, conversava com colegas, digitava de novo, fazia cara feia. Na hora, peguei o gravador e salvei a mensagem:

“A mulher não para de bater naquele negócio; está começando a me dar nos nervos. Estou começando a achar isso meio complicado. Vou esperar”.


Puto, mas, vá lá, bora tentar aproveitar o aeroporto

Dito e feito. A LAN conseguia ver a minha reserva, mas não conseguia liberar a passagem. Liguei para a TAM no Brasil, gastei meus últimos soles em telefonemas. Não adiantou.Perdera o voo e só viajaria no outro dia. Tive que passar a noite no aeroporto.

Terminal

É interessante a vida no aeroporto. Quando escrever sobre minha viagem à Itália, falo sobre as 24 horas no Barajas, de Madri. A diferença é que o de Lima é muito chato. Perde até para a rodoviária do Tietê, em São Paulo. Dei um giro rápido e me demorei procurando um lugar para esticar as pernas.


Seis por meia dúzia. A última mordida peruana

Gastei meus últimos soles com uma simbólica mordida final da lhama peruana. Depois de tudo que gastei com câmbio, com o Western Union, comprando reais, virar dólar, depois real, depois peso chileno, bolivianos, soles, ainda tive que pagar uma obscura taxa de aeroporto de 30 dólares. Não tinha dinheiro nenhum, mas, lembram-se daqueles 800 reais com os quais comecei a viagem? Sobraram R$ 100. Passei por mais um câmbio absurdo e deixei meus últimos trocados.

Queria chegar logo ao Brasil.

Depois de uma noite mal dormida, passei mais uma tarde em Guarulhos. Em solo nacional, pude abusar do cartão de débito. No fim da noite, peguei o bom e velho voo das 23h45, aquele dos tempos de Campinas. Chegaria de madrugada em Foz do Iguaçu para trabalhar no outro dia. Faz mal não, tudo valeu a pena.

Fim de viagem.

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