terça-feira, 16 de outubro de 2012

Dia 12: nella Piazza dei Miracoli, o esplendor de Pisa

Oi paizão, oi mãezinha

Décimo segundo dia na Itália (26/02). Pisa é mais do que uma torre. E sua praça principal, mais ainda. A Piazza dei Miracoli, onde está o Duomo de Pisa, o batistero e, claro, a torre, é linda. Toda verde, como um campo e com as três construções. Cá entre nós, a torre nem é lá a mais interessante.

A Torre e a igreja. O dia seria em Pisa

Hoje fiquei me enrolando para saber o que fazer. Não queria viajar no dia de meu aniversário (odeio a incerteza de uma viagem, gosto de estar na cidade, com minha bagagem em algum lugar que não nas minhas costas), queria, pois, viajar hoje a noite para Roma. Mas aí o dia seria curto. Fiquei me enrolando de manhã, para sair. Dei um pulo até a estação para ver os horários de trens. Vou ou não vou a Pisa. Me enrolei.

A bizantina Santa Maria della Novella, após uma manhã chuvosa

Fui então a uma igreja, a Santa Maria della Novella, uma bizantina, muito bonita por dentro. Fiz boas fotos. Após uma chuvinha chata no início da manhã, fez sol e calor. Ótimo. Fui almoçar com Vanni e uns amigos da faculdade de arquitetura. Almoçar, humm, delícia. Esperava sentar e comer umas saladas, algo saudável. O cardápio foi um lampredotto, uma espécie de buchada de vaca (la ultima parte del intestino della mucca) no pão. Diz o Vanni que é comida comum em Firenze. Ao menos entre os estudantes deve ser, heheeh.

 Pela manhã, chuva em Firenze. E eu me enrolando...

Mas aí deixei de enrolar. Objetivo, fui à estação, comprei o biglietto e bora para Pisa. Uma hora de viagem, tempo para lhes contar como funciona o sistema de trem aqui. É fácil, fácil. Compra o bilhete na máquina, valida (convalidare) e pronto. Só tome cuidado com la linea giala, heheeh. Na estação fica um cara falando os horários dos trens e sempre no final diz: Attencione, allontanarse della linea gialla! (atenção, afastar-se da linha amarela!). Eu rio cá dentro toda hora que ouço e repito o linea giala mentamente.


Na viagem entre Bologna e Firenze, uma explicação breve sobre o sistema de trem

Bem, tem os trens barateiros, os chamados regionais, e os mais caros, da Fressarossa. Amanhã, por exemplo, para ir para Roma, eu posso escolher entre passar quatro horas no regional ou uma hora e meia no Fressarossa. Um custa 15 euros, o outro 45. Já estou esperto para pegar trem. Olho para os horários de partida, vou na máquina, busco meu destino, coloco o dinheiro no buraquinho, pego o troco, "convalido" em outra maquininha (é muito importante), e sigo meu rumo.


Em Pisa, um dos melhores CS da viagem, o grande Isaía que me deu uma aula sobre a cidade

E foi assim que cheguei a Pisa. Tinha escrito para outro CouchSurfing se ele tivesse afim de um café em Pisa. É uma outra modalidade, de CS, vc não hospeda nem fica na casa dos outros, é só coffe or drink, ou seja, sair para fazer alguma coisa. Um CS de Pisa, o Isaía, tinha alguns minutos antes do trem dele, para Bergamo, onde mora a sua família - ele está em Pisa estudando Matemática. Mandei uma mensagem de celular, confirmando o horário, atravessei a cidade de Pisa cruzando o Rio Arno que também passa por ali, e lá estava Isaía me esperando na Piazza dei Miracoli. Passei por ele várias vezes até que liguei para o celular e ele, ali pertinho atendeu.

O majestoso Arno, que também passa por Pisa antes de desaguar no Mar de Ligure

O cara é muito gente boa, me mostrou, por exemplo, alguns detalhes da igreja. Bem, todas as construções são lá de 1000 e alguma coisa e foram feitas em uma área pantanosa. A igreja também tem uma parte que é torta. E ela é interessantíssima, sua construção começou em 1064 com mármore de outras igrejas e construções - você vê nitidamente a diferença do mármore; em algumas partes tem até inscrições da outra construção [ela foi construída sobre outra igreja, de 1006. As obras pararam em 1095 por falta de verba e só foi consagrada em 1118]. Em um desses mármores importados, tem um monte de pontinhos dourados: diz a lenda que é impossível contar duas vezes o número de pontinhos e a pessoa que conseguir fazer isso é levada pelo diabo, hehehehe.

Detalhe do mármore da igreja. Consegue contar os pontos?

Outra história interessante é que a igreja foi construída bem junto ao muro da cidade. De fato está lá, o muro, o portão, e a igreja, no final da cidade. É estranho, porque os duomos (igrejas) são, normalmente, construídos no centro das cidades. Bem, Pisa tinha uma relação difícil com a Igreja Católica e usou seu duomo mais como escudo so ataque do povo de Lucca, uma cidade próspera na época (e também muito linda, pena que não vou conhecer) vizinha a Pisa.

O batistério, a igreja e a torre. Trindade óbvia dei tutti piazzi

Mas então, a torre. De fato ela é inclinada, bem inclinada. Mas já foi mais. Para impedir que ela caísse, fizeram o seguinte: colocaram uma máquina que ia retirando lentamente a terra do pé da igreja, para ela voltar aos poucos e reduzir a inclinação. Ela poderia cair se tivessem deixado a inclinação anterior. Ela é bonita, toda branca. Mas não subi não, pô 15 euros para subir numa torre? Nem, deixa para os turistas chineses. Eu fiquei por lá, caminhando, e rindo do pessoal que fazia aquelas fotos de segurar a torre com o pé ou com as mãos. Eu não.

A igreja majestosa e a torre, na Piazza dei Miracoli

Tá, vá lá. Dei umas voltas e fiz umas fotos bem legais, e, em uma, imitei o Michael Jackson naquele clipe que ele se inclina para a frente, meio para ficar igual a torre. Mas segurar com as mãos? Isso não.

Brincadeira com sombras, aproveitando a iluminação da igreja

Aí tomamos um café, especialidade de Pisa. Putz, esqueci de anotar o nome. Era um cappuccino com alguma coisa por cima. Não sei. Fui até outra igreja piccollina, esta de 1080, muito bonitinha. Toda de tijolinho a vista. O Isaía foi pegar o trem e eu fiquei lá na igrejinha. Uns músicos começaram a ensaiar umas músicas clássicas. Fique assistindo o ensaio, muito legal. Aí voltei para a Piazza.

 Ensaio musical em igreja medieval. A trilha de sonora de um ótimo dia (ouça um pouco aqui)

Fiz um monte de fotos com o tripé, da torre a noite. Muitas ficaram bem boas. Aí estava andando e vi duas mulheres conversando e uma dando aulas sobre a igreja. "Scusa signora, Io sono ascultato, posso farLa una domanda". E comecei a conversar com as duas, ela era uma professora e mostrou outras curiosidades da igreja. No tempo em que ela foi construída, Pisa era uma das principais repúblicas marinaras, ao lado de Gênova, Veneza e Amalfi. Daí, o esplendor e tanta riqueza. No caso de Veneza, ela continua vendendo aquele glamour de festas e carnavais. Pisa vive da torre... (brincadeira, Pisa é una cidade universitária).

Igreja a noite. Uma pena que não pude entrar...

Aí voltei para Firenze. Comi um MacDonalds no trem de volta enquanto ouvia dois africanos conversarem alto e um mexicano dormia na poltrona de trás. E agora, arrumo minha bagagem para chegar, finalmente, à Cidade Eterna.

Beijão,
Murilo

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