domingo, 30 de maio de 2010

Na chegada ao Peru, maná

Acordei com a cabeça doendo. O som da televisão me incomodava – um vale-tudo gritado em castelhano, alto e desnecessário. Mas o problema não se resumia à TV; a poltrona também não era das melhores, não tinha onde colocar os pés e o banco mal reclinava. Ao meu lado, a situação de Marco era pior. Sua poltrona não travava na posição reclinada; ele tinha que ficar segurando a trava da poltrona o tempo todo com a mão. Amanheceu com o braço dolorido.

Novo país na nossa viagem: Bem-vindos ao Peru

Estávamos em mais um ônibus, seguindo de Copacabana a Cusco. Pouco tempo antes, havíamos cruzado a fronteira com o Peru. O Lago Titicaca ainda tomava conta do cenário e faria isso por um bom tempo. Ou ao menos até Puno, a outra entrada para o lago, já no país vizinho. Nossa primeira parada.

Ninguém nos disse, mas teríamos que trocar de ônibus. Era noite e chovia frio e fino, a mala de Marco, com a capa de proteção amarelo luminoso, veio rápida. A minha não. Lembrei da Europa e de outras experiências em que minha mala ficara para trás. Mas então a mochila apareceu, por último, protegida pela capa preta, que a tornara invisível nas sombras do bagageiro. “Precisa comprar uma capa como a minha”, brincou Marco.

Na rodoviária, fizemos uso da internet e, famintos, experimentamos comer alguma coisa. “Maná”, foi a pedida de Marco, uma espécie de pipoca doce, sem açúcar e sem gosto. Um isopor. “Malísima”, dizia eu imitando Marco. Estava muito ruim.


Pegamos o outro ônibus, o tal busão com a televisão sintonizada em luta livre e onde Marco abraçou a poltrona no sentido real da palavra. Aquele mesmo cujo motorista, sem noção, parou o veículo no meio da estrada, assim, do nada. Bastou um brasileiro indignado gritar pela janela "vamos embora", para o motorista seguiu em frente. O que ele estava fazendo, ignoro.

Ajeitamos nossas malas, a minha de capa preta, a de Marco, amarela, no bagageiro e subimos. Quando passei pelas primeiras poltronas, um rosto familiar surgiu sorrindo para mim.

Era meu bom e velho amigo Daniel, o catarinense.

Um comentário:

Flora Dutra disse...

Murilo, gostei do teu blog, vou acompanhar. té.