Mas convenhamos, motorista de ônibus não tem a menor noção de temperatura agradável. E se for pra errar, todos eles nivelam por baixo. O resultado é a senhora se encolhendo debaixo da manta xadrez de um lado e a criança de colo chorando do outro. No meio, o bestão aqui trincando de frio.
Foi assim na última viagem Curitiba-Campinas e também na penúltima Curitiba-Foz do Iguaçu. Apesar da inocência rara do motorista neste episódio, conto-lhes sobre a viagem para Foz.

Era a segunda-feira do dia 14/04 (a sétima, não percam as contas). Naquele fim-de-semana eu havia viajado para São Paulo (a linha Foz-Sampa é digna de nota, me cobrem!) para ver a exposição Star Wars com uns amigos. A toque de caixa, no fim da noite, corri para o casamento de uma amiga, a Lívia, também em São Paulo. Depois, morto de sono às 5h da manhã, viajei com uns colegas para Campinas.
Na segunda-feira, após as aulas do Labjor, saí no meio da tarde para pegar o vôo - desta vez em Congonhas e desta vez pela Gol. Cheguei naquela Curitiba fria que conheci no inverno de 2000. Era já tardezinha, 35 minutos para começar a formatura de meu amigo Edi. Na Reitoria da UFPR, corri ao banheiro para colocar o terno, momento em que todo mundo também se dispôs a tirar água do joelho e ajeitar o topete. E eu lá, trocando de roupa.
"Você não poderia diminuir o ar?", implorei ao motorista. Mas naquela única vez a culpa não foi dele. O tempo estava realmente muito frio e o sistema de calefação quebrado. Vesti toda a pouca roupa da mochila, cobri os pés com uma bermuda, as mãos com o paletó e me encolhi no banco. Mas o espantalho que criei não conseguiu espantar o frio.
Em Foz de Iguaçu, pela primeira vez em muito tempo, agradeci pelas tardes quentes de rachar mamona.