Vínhamos andando havia horas, pé ante pé, sobre os trilhos do trem. Marco de um lado, eu do outro. Entre nós, um pedaço de pau sobre os ombros nos mantinha em equilíbrio. Era o Trem Inca soltando fumaça desde Águas Calientes em direção a Ollantaytambo.
O Trem Inca é a melhor ilustração do espírito de camaradagem entre meu amigo argentino Marco Andrés Villano e eu. Uma amizade que, na altura de Cusco já ganhara a força de um trem, mas que começara a pegar velocidade na “estação” de Potosí, ainda na Bolívia
Lembro que quando vi Marco na van que nos levaria à mina de prata, já sabia que ele seria um bom amigo de viagem, como Daniel em Uyuni ou a turma de Salta. Não imaginava que se tornaria o melhor de todos.
“Vamos combinar: eu tiro fotos de você e você de mim”, sugeri como faço sempre que viajo sozinho. Ele aceitou e ali começou o pacto das “mesmas fotos”. Em La Paz, desviei o caminho para andar com ele e com Ben até Copacabana. Foram 13 dias ao lado de Marco. Uma dupla que, a despeito do idioma, se entendia muito bem.
“Basta de reclamar, Murilo”, era uma de suas frases, quando eu estava sendo o reclamão de sempre. “Está de bom-humor hoje?”, perguntava. Com Marco, tomei as cusquenhas (eu debochava do sotaque portenho dele, repetindo “currrquenha”), brincamos com a propaganda da “Paceña, es cerveja”, e andamos um bocado.
“Você é gente boa, Marco... para um argentino”, dizia eu. Tivemos nosso quase lance com as chilenas, os revertérios estomacais em Copacabana e a chuva que atrasou nossa viagem. “Que mala suerte”. No fim, as andanças entre Machu Picchu e Cusco. “Tenemos que meter um buon paso”. O Trem Inca selava o fim da sociedade.
Faltava a despedida.
Um comentário:
muy buenos recuerdos amigooo!
mesma foto!
abrazooo
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