quarta-feira, 4 de abril de 2012

Dia 5: Batalha campal entre Murilo e Verona

Oi mamma, (e agora) oi pappa

Quinto dia na Itália (19/02). Tudo bem, pessoal? Estou escrevendo de um hostel, em Venezia. Até que enfim cheguei à cidade depois de um dia exaustivo em Verona. Preciso tomar banho e comer alguma coisa para aproveitar o dia amanhã. Mas já faço isso, antes uma conversinha com vocês dois.

Dia inteiro de chuva em Verona. Catzo!

O dia amanheceu chuvoso. Foi assim que Verona me presenteou por eu ter ficado um dia todo por lá. Foi um verdadeiro duelo Murilo X Verona. Ela trouxe frio, eu coloquei luvas e me agasalhei. Então ela trouxe chuva, e eu busquei em um mercado uma guarda-chuva. "Catzo!", esbravejou Verona, e soprou o vento. Seria divertido ver as pessoas lutando para manter os guarda-chuvas abertos, no centro de Verona, debaixo da chuva. Seria divertido se eu não estivesse entre elas.

A arena de Verona deve ser mais bonita sem guarda-chuva

Mas bora lá, quem sai na chuva... Comprei o Verona Cart, por dez euros, que dá direito a várias atrações da cidade. Comecei pela arena, no centro da praça principal. Legal, mas se não estivesse chovendo seria melhor. E no no fim do ano tocará aquele monte de óperas lindas, ai ai...

Centrinho da cidade abandonado. Por que será?

Me molhei bastante e fiquei cada vez mais puto com a máquina fotográfica. Sei que vou me arrepender de não ter comprado uma nova (já me arrependo de não ter vendido um órgão para comprar outra máquina aí no Brasil). Então fui ao CastelVecchio, um castelo medieval na cidade. Bem bacaninha, com um museu medieval e muitas obras renascentistas. Aqui você respira história e ver mais quadros de mil quatrocentos e lá vai cacetada não chega a ser grande coisa. Mas as obras eram realmente lindas.

O bacana Rio Adige. Peguei, claro, minha porção de água

O melhor é a ponte do castelo, que cruza o Rio Adige. Lindo rio, com construções coloridas ao seu redor. Foi como se queimasse a língua em um caffe machiatto local: Verona é linda. Cruzei a ponte e cheguei a um bairro residencial, Veneto, bem bacana. Seria um lugar que eu moraria certamente. Fui ao bar Edige tomar um café, comer una broschetta. Estava quentinho, e o chocolate quente era tão denso que poderia comer a colheradas. Pude respirar e parar de xingar a câmera que não funciona e o maledetto tempo de Verona. Aquela chuvinha chata, igual a de Curitiba, que não chove, só molha.


Quando saí do bar, a chuva tinha ido embora. Bom andar sem o guarda-chuva. Dei mais um giro, desta vez em direção à casa da Julieta. Sim, Verona é a terra de Romeu e Julieta, a inspiração de Shakesperare para escrever seu mais célebre romance. Antes de chegar à casa, consegui pegar a água do rio Adige para minha coleção. Quase fiz uma burrada, ia pular uma cerquinha para chegar a uma escadinha, mas resolvi perguntar: "Scusa, per arrivare giú cosa bisogna fare?" O cara me disse que tinha uma outra descida, permitida, e que eu não precisava fazer bobagem. "Meglio domandare!", disse eu.

Veneto, bairro bacaninha. Mesmo após a chuva

Fui então à torre Lombarti (acho eh é este o nome), subi os mais de 350 degraus e tive uma bonita vista da cidade, com o grande Adige serpenteando por ela. Então fui ver Julieta, tínhamos marcado hora e fui até sua casa. Na frente da famosa varanda, onde Romeu declamava seus versos, vários guarda-chuvas se espalhavam e seres de olhos puxados se acotevalavam. Eram eles, os turistas asiáticos. Na Itália, tem saindo pelo ladrão. Mas nada da Julieta. Subi a escada, pisei na varanda, fui ao quarto e nada. Poderia ter deixado um aviso. "Arnesto nos convidou prum samba, ele mora no Braz..."

Varanda da Julieta sem a dita cuja. Não, aquela ali é só uma turista

Claro, que Julieta não existiu, mas a casa era de uma familia Capuletto, que existiu de verdade. Eles usam como referência, como se aquela fosse a inspiração shakespereana. E para fazer dinheiro. Tem de tudo que é presentinho remetendo a Romeu e Julieta, eu, scusa, não comprei nada!


Ponte de pedra. A melhor vista do belo Adige

Estava cansado de andar, mas fui até a ponte de pedra, entrei em uma igreja magnífica e pronto. Já tinha perdido o trem das 17h e estava para perder o das 18h. Se perdesse o das 19h, ficaria em Verona mais um dia. Comecei a me coçar. Dei um giro pelas ruelas de Verona, fabulosas. Bem cidade antiga mesmo. Quando fui ver, estava perto do trem das 19h e eu, Murilo, estava atrasado. Corri para o hotel pegar minha bagagem, faltava menos de 20 minutos para o trem sair e eu certamente não chegaria a pé. E nada de taxi. Na chuva, fiz a cara número 57 (a que eu uso em perigo, quando estou viajando) e perguntei para um senhor de feição simpática (devidamente pré-selecionado): "Non c’é taxi in Verona?" Ele disse que seria difícil. "Bisogno arrivare nella estacione alle 7". O cara fez o que eu previra: me deu uma carona para estação. Grande seu Sérgio, de Verona.

Até mais, Verona! Gostei da cidade. Moraria aqui

Na estação, corri para o fast ticket, uma máquina onde você compra os tickets. Pedi para o pessoal da fila se, por gentileza, podiam me dar passagem porque meu trem estava saindo. Eles me deixaram passar e ainda ajudaram na compra do ticket. Corri para o trem, mas o horário não era 19h justinho, era 19h18. Tinha tempo de arrumar as bagagens melhor e me alongar. Entrei no trem, fiquei ouvindo música do celular e cantando em portugues, tirei a bota para fazer massagem nos pés. E cá estou.

Desta vez fiz o booking (reserva) pela internet e cheguei rápido ao hostel. Nada de ficar batendo perna de graça. Vou agora tomar um banho e descansar. Amanhã o dia é cheio. Apesar da chuva e dos mil contratempos, Verona foi bem bacana. O que esperar de Venezia?

Recepção em Venezia: mais chuva. Aguardem a próxima carta

Amanhã eu conto.

Beijo paizão, beijo mãezinha, amanhã tem mais.

Murilo

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