O belíssimo Colibri com suas asas de 66 metros.
Sempre tive
curiosidade de conhecer as famosas linhas localizadas no sul do Peru, no
deserto altiplano de Nasca que se estende por 80 km entre as cidades de Nasca e
Palpa, em uma área total de 500 km². Olhava com ressalvas as fotos deste conjunto
de geóglifos criado pelo povo nasca entre os anos 400 e 650 d.C. Mudei de ideia
ao vê-las “de perto”.
O macaco, uma das figuras mais famosas.
As linhas são
gigantes figuras que chegam a atingir 270 metros de comprimento. Algumas se
resumem a meros traços, outras são bem mais complexas, como o colibri de 66
metros de asas. Elas foram desenhadas removendo as pedras avermelhadas e
cavando trincheiras de seis centímetros de profundidade. Foram utilizadas,
possivelmente, ferramentas bastante simples. Assim, o chão esbranquiçado ficava
descoberto e, pelo contraste, formavam-se os desenhos.
Pelas
características do deserto – clima seco, sem vento e isolado, as linhas estão
preservadas até hoje. Elas foram descobertas nos anos 30, quando começaram a
viajar de avião sobre a área. Os especialistas divergem sobre suas funções, mas
as teorias passam por orientação astrológica, marcação do fluxo de água e,
claro, o significado religioso.
Em Nasca, sem
dinheiro
No ônibus, um pouco de cultura inca para driblar a programação da TV.
Chegara a Nasca
cedo, vindo de Cusco. De ônibus, ziguezagueamos novamente os Andes em direção
ao mar. A previsão era de 14h de busão, com chegada às 8h30. Passavam das 10h30
e ainda estava na estrada por causa de obras na pista.
Parada na estrada. Nós voltamos aos Andes.
Não reclamei, o
ônibus leito era ótimo, o melhor da viagem. Transformava em carroças os
coletivos bolivianos. Só o que incomodava era a programação televisiva: aquelas
comédias da TV canadense com pegadinhas e risadas. Ignorava. Pela janela, via a
região tornar-se desértica. A exuberância dos Andes ficava mais uma vez para
trás.
Em Nasca, sem soles. A cidade respira as linhas.
Nasca respira as
linhas. Com poucos soles e muitos pesos chilenos no bolso, tive um tempo para
bater perna pela cidade. Ainda estava meio jururu por causa da despedida de
Marco, no dia anterior em Cusco - depois de ter deixado meu amigo, fui mais uma vez
ao centro de artesanato Qoricancha e vi os manifestantes queimando pneus na
rua. E passei em uma construção para ver a famosa pedra de 12 ângulos. Só isso.
A pedra de 12 ângulos, última imagem de Cusco.
Mas em
Nasca era hora do sobrevoo. Estava no aeroporto Maria Reiche, na municipalidade
distrital de Vista Alegre. O piloto dissera que eu seria o copiloto, só pra me
animar. No banco de trás, um casal europeu. O monomotor pegou velocidade,
voamos.
Antes do sobrevoo. Eu seria o "copiloto".
Meus parceiros de viagem: 40 minutos de voo.
Pelo sistema de som, ouvia o piloto cantar,
em espanhol e inglês, os nomes das linhas. Eu estava empolgado. Não sabia se
tirava fotos, filmava ou apenas curtia o momento. Fiz os três. E me senti
realizado por conhecer mais um patrimônio da humanidade. Missão cumprida.
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