Quando cursava jornalismo, em Curitiba, adorava, nas férias, voltar para a casa dos meus pais, em Medianeira. A mãe fazia a comida mais trivial de todas – arroz, feijão e carne de porco – e eu me fartava. “Deve passar fome em Curitiba, este menino”, talvez pensasse minha querida mãe. Não era isso. O fato é que até a comida mais trivial vira a ambrosia dos deuses, depois de meses comendo em restaurante universitário. Ainda mais, se for comida de mãe.
A lembrança veio após a segunda colher de um delicioso feijão com arroz em Santa Teresa, a segunda santa de nossa história. “Ainda volto aqui”, dizia Marco, deslumbrado com a pureza e o encanto da cidadezinha. Eu me divertia com o feijão, após quase um mês viajando por cidades pouco afeitas a nossa iguaria tão brasileira.
Santa Teresa, de fato, é uma graça. A cidadezinha foi totalmente soterrada por um deslizamento de terra e reerguida pelos próprios moradores. Em homenagem ao povo, foi construída a Plaza Cívica de la Solidariedad, diante da qual eu saboreava meu feijão, arroz, salada e frango à milanesa. No fim do almoço, um café diferente – um concentrado líquido que colocamos na água quente com açúcar. Muito bom.
Ficamos aproveitando aquela pequena cidade, ali, de sua praça principal. As crianças, voltando da escola, corriam aqui e ali; senhores passavam de bicicleta. E para testar se de fato fazíamos sempre a mesma foto, Marco e eu trocamos de câmera. As fotos ficaram iguais...
A parada foi ótima, mas tínhamos que seguir caminho. Um cheiro bom tomava conta do ar: compramos pão quentinho e outros quitutes para a viagem. “Tenemos que meter un buon paso”, recomendou Marco. Era meio da tarde, o tempo esta fechado e não poderíamos correr o risco de encarar estrada a noite.
Caminhamos em direção a uma hidrelétrica.
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