Desayuno americano - leche e omelete para mim. Não guardaríamos na lembrança apenas os esmeros de polidez do garçom.
Chegamos descansados na capital boliviana. Valera a pena ter pego um ônibus semicama. Dormimos a viagem toda, pernas esticadas, circulação de sangue normal, confortáveis. E sentimos o peso da cidade grande tão logo chegamos nela. Buzinas, pessoas gritando, uma bagunça. Pela janela, vulcões e picos nevados, como o Chacaltaya, a 5.395 metros acima do nível do mar. Cena já não mais inédita, mas ainda impressionante.
A rodoviária de La Paz fica em uma parte elevada. A cidade toda, a propósito, tem uma geografia bastante acidentada. Enquanto a periferia está a 4.090 metros acima do nível do mar, o centro nervoso fica em um vale, a 3.630 metros. No meio disso, ruas e casas se equilibram pelas encostas.
La Paz está em uma encosta. E por lá, vive a onipresença de um tal Evo Morales. Resquícios do referendo.
Pegamos nossa bagagem e fomos bater perna descendo ladeira sem um plano definido. Respiramos La Paz acordando. E, a despeito do horário ainda cinzento, o centro já estava agitado. Com uma mapa nas mãos buscamos hostel, e passamos por pontos importantes da cidade.
Pela avenida 16 de julho, a principal via de La Paz, passam várias conduções. São vans e kombis, que cobram menos de dois bolivianos para levar os passageiros de norte a sul da cidade. Ou vive-versa. Os carros andam com as portas abertas e com meninos gritando a pleno pulmões o destino da ‘linha’. “Cemitério, cemitério”, por exemplo.
“Não entendo”, questionava Ben. “É como se alguém comprasse uma kombi e saísse oferecendo o serviço de transporte”, raciocinou com sua cabeça de norte-americano. Ri também, mas sei que em várias cidades do Brasil acontece o mesmo. Não há itinerário, não há mapa das poltronas do ônibus, não há sinalização nas vias. Mas há buzina, gritos e barulho.
Aproveitamos para conhecer a Plaza Murillo, a mais importante de La Paz. Queria conhecer a tal praça, não por sua relevância político-administrativa, mas pela curiosidade do nome. Quem seria o tal xará de nome grafado no castelhano correto?, pensei. Não costumo divulgar muito, mas Murillo (assim mesmo com dois Ls) significa ‘muro pequeno’ em espanhol. Dispenso comentários.
Pedro Domingo Murillo foi um revolucionário pacenho que, em 1808, liderou um grupo declarando a independência à metrópole Madrid. O texto original da Proclamação da Junta Tuitiva está gravado em pedra, aos pés de sua estátua, no centro da praça. O fim de Murillo foi trágico - condenado à forca junto com os seguidores, ele gritou as últimas palavras: "Compatriotas, yo muero, pelo la tea que dejo encendida nadie la podrar apagar, ¡viva la libertad!". Na mesma praça, ficam o Palácio Legislativo e a Catedral Metropolitana de La Paz.
Estávamos com fome naquela manhã. Não interessava a Marco e Ben aulas de história da cidade. Ao menos não naquele momento. Foi quando encontramos a panificadora com cyber café e desayuno americano. Nos servimos dos dois. “Mas leche, maestro”, tornou a oferecer o garçom em seu traje elegante. Comemos sem culpa. O castigo viria depois.
4 comentários:
odeio desayuno americano!
ovo e bacon logo pela manhã é dose!
Aparentemente as ferramentas da Wordpress são melhores. O fato de poder trabalhar com pages e ampliar o conteúdo do blog me agrada bastante. De minha parte valeu a troca!
Putz ja passei por isso tbm,nao querer saber porra nenhuma de informação turística..só quero COMER!!hehehe na hora q bate a fome,a cabeça ja nao pensa mais hehe
E aí Murilo!
Primeira vez que visito teu blog, da hora tuas aventuras pelo mundo!
Olha só, velho, acho que você viu um vídeo meu, "Raul vai a Machu Picchu", no YouTube.
Decidi passar pra compartilhar com a galera aí um outro vídeo que eu também fiz, "Raul vai a Cusco".
http://www.youtube.com/watch?v=uMNdiGe2Vqw&feature=channel_page
Um forte abraço a todos
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