terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Dia 14: a voz do papa

Duas semanas na Itália (28/02). Um dia católico, com direito à missa do Santo Padre. Acordei, arrumei minhas coisas e bora bater perna. Difícil se locomover por aqui. Um tempão esperando o ônibus, mais um tempão esperando outro. Mas vá lá, paciência, fiquei no aguardo. Conversei com uma velhinha romana no ônibus, que me deu as dicas para chegar ao Vaticano. E lá cheguei, tinha uma fila enorme para o museu, então fui direto à Piazza San Pedro. Enorme e cheia de gente. Interessante entrar na Cidade do Vaticano, com status de outro país. Vi a guarda suíça, com aquelas cores engraçadas, as bandeiras amarela e branca do Vaticano e, claro, o Papa.

O papa é pop. E aparece todo domingo nesta janelinha

Mas, antes, a Basílica de São Pedro, linda vista de frente mas ainda mais exuberante por dentro, e o obelisco no centro da praça. Fiquei matando hora até que, no meio dia, o Papa deu as caras. A missa dele é bem gostosa, ele com a voz tranquila falando em italiano. No final, agradece a presença de todos e diz que está orando por cada povo. Ele citou os chilenos e, só a noite eu fui saber do terremeto que teve por lá. Abençoei alguns terços que estou levando para o Brasil.


A legião de fãs do Papa, na Piazza San Pietro

Aí caí na fila para conhecer a Basílica. Comprei um áudio-guia com a explicação de toda a igreja, mas não tenho muita paicência para ouvir tudo. Vi, na entrada, a Pietà, outra escultura famosa de Michelângelo. Belíssima. Mostra Maria de rosto cândido com Cristo morto no colo. Muito lindo.


Pietá, de Michelângelo

A igreja é a mais bela que eu já vi. É enorme, como se fossem várias igrejas no interior de uma. Capela para isso, capela para aquilo. Túmulo de rainhas e santos. O altar, magnífico e enorme. Na parte de baixo, as tumbas de vários papas, entre eles, o Papa João Paulo II, o túmulo mais visitado, e os restos mortais do apóstolo Pedro, o pai da Igreja Católica.


Uma das várias cúpulas da Igreja das igrejas

Da Basílica fui ao museu, que estava fechado. No começo da manhã a fila era tão grande que contornava o Vaticano, é que no último domingo do mês, a entrada é gratuita. Eu não fui, nem daria, senão não veria o papa. Mas preciso ir lá, embora tenha que desembolsar 15 euros. É no museu que está a Capela Sistina, com os afrescos de Michelângelo, como a Criação da Adão, entre outros. Vou amanhã, quiça mais tranquilo.


Até logo, grande igreja. Hora de bater perna

Aí fiquei me enrolando. Dei uma volta aqui, e acolá, busquei na internet o endereço onde Lorenzo, meu CS de Roma, estaria. Ele é ator de teatro e estava ensaiando. Cortei parte da cidade com o mapa na mão e fui ver o ensaio de Lorenzo. Um drama interessante, achei bom ficar vendo e depois ouvir a crítica do diretor.



Lorenzo, o ator italiano, ensaiando para a próxima peça

Agora mangiamos uma pasta napolitana. Bem bom. Lorenzo e a esposa saíram para ver um amigo, mas eu preferi ficar em casa, me organizar para amanhã e tudo mais. Quero ver o Coliseu e La Fontana de Trevi, o Pantheon, entre outras coisas. E vamos que vamos que as férias estão acabando, hehehehe.

Beijos para vocês, vamos nos falando.

Murilo

sábado, 8 de dezembro de 2012

Sábado. A ilha de Rober, Nacho e Vianca

No último dia, a chuva castiga Páscoa

Estava preocupado com os caras do camping. A chuva realmente castigava a ilha. Chovia forte, ventava. O mar estava bagunçado. No dia anterior, me despedira de Páscoa e sabia que não faria mais nada. Queria inventar alguma coisa com João e Daniel e, embora tenha acordado tarde, fiquei na varanda esperando eles saírem das barracas enquanto eu lia Tima Maia e tomava café.



Olhava para as barracas e via a chuva, as árvores se encurvarem e as ondas brancas castigarem as pedras negras. O mar trocara o azul turquesa por um cinza melancólico e  esta seria minha última visão da ilha. Deu 11h e me toquei que os caras não estariam mais no camping, com aquele vento açoitando as barracas. Coloquei a bota, a calça e a capa e fui ao centro. Recebi a gentil carona de Roger, marido de Marta, os donos do hostel, e fui à feira de artesanato. Tudo que economizara até então seria gasto na feira.

Uma semana de economia para queimar tudo em presente na Feira de Artesanato

Comprei os presentes, aff, pechinchei, conversei com vendedores e fiquei aprendendo sobre a cultura local. Cada ítem cheio de significados, talvez para justificar a compra de uma máscara por um preço tão alto. Não tinha o que fazer, lá fora seria recebido pela chuva. Preferia o sorriso, alguns interesseiros outros sinceros, dos rapa nui na feira de artesanato.

Comida boa dos chilenos. E eu fiquei com aquele peixe cru no Kalimara...

Mas ficara tempo demais e resolvi almoçar, de novo no meia-boca restaurante Kalimara só para usar o wifi. De novo não adiantou, meu iPhone não trabalhava, a batata frita estava murcha, o pescado meio cru (não era ceviche). Rober me escrevera por WhatsApp que ele e a trupe estavam em um restaurante melhor. "Pra que serve o CouchSurfing senão para orientar em quais restaurantes comer”, me chamou a atenção Rober.

Rober, Nacho e um doido com a roupa do ariki, o rei rapa nui

Saí do Kalimara e me juntei aos amigos. Meus grandes companheiros de viagem, Rober, Nacho, Vianca e a pequena Amanda, sempre com seus sorrisos, estes sinceros, prontos para me oferecer algo e me surpreender. Comi uma torta de limão enquanto eles almoçavam deliciosos pratos com peixes e camarão. Pensei na batata-frita insosa, droga! Tiramos fotos, rimos. Fiquei sabendo que Lev, o "mãozinha", tinha ido às pressas a um hospital de Santiago (era alguma coisa no rim), mas estava bem.

Nacho e Vianca, pais de Amanda, uma das famílias mais bonitas que eu já conheci

Nos separamos novamente, fui ao hostel e encontrei os brasileiros. Mais bate-papo, agora no hall, sempre com a Escudo na mão e o canadense Chris sem entender nada de nosso português. Decidimos sair, tomar chuva, comprar algumas coisas na feira e algo para comer. Matamos empanadas, cuecas viradas e um misterioso salgadinho de sabor indecifrável enquanto o quarteto de canadenses comia completo (cachorro-quente) só com uma salsicha bizarra. Zoavam de nosso salgado e falavam da salsicha que dobrou de tamanho na panela. Clima de hostel.



Por WhatsApp, Rober, de novo, me convidou para comer sopaipillas na casa de Nacho e Vianca. Peguei a capa e caminhei, a casa era quase vizinha ao Mihinoa. De novo aqueles sorrisos. Amanda sentadinha no sofá, Rober e Vianca fazendo as sopaipillas e Nacho cuidando de Amanda. Uma divertida despedida, eu tomando mais algumas goleadas no PES3 e ficando puto, Nacho arrancando algumas notas em duas violas, uma rapa nui outra hawaiana, e nós dois cantando para Amanda. Na mesa, Rober e Vianca esticavam a massa para fazer a sopaipilla, que depois seria frita e temperada com um molho doce. Nacho abriu um vinho e depois outro e me presenteou com um bom chileno de sua coleção e um livro sobre vinhos chilenos. Agradeci com um beijo no rosto.

 
Despedida de meus amigos, na casa de Nacho e Vianca. Vou sentir saudades

Nacho, Vianca e Rober me receberam da melhor maneira que alguem pode ser recebido. Melhor que me encantar com o nascer do sol em Tongariki, ou andar pela cratera verde do Rano Kao, subir o Terevaka ou caminhar pelos moais abandonados de Rano Raraku, melhor que a história da ilha e sua fabulosa natureza, com o mar azul se tornando branco ao encontrar as rochas negras, ou os coqueiros perfilados na polinésica praia de Anakena. Melhor que tudo isso, foi conhecer estes anjos chilenos, Rober, Nacho, Vianca e a princesinha Amanda. Foi me encantar com o espírito de generosidade destes novos amigos, foi ver uma familia linda e feliz, e aprender com eles muito que eu quero para minha vida. A Ilha de Páscoa é linda, mas as pessoas que vivem nela, rapa nuis, continentais ou gente de outros lugares, foi a melhor parte da viagem.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Sexta-feira. No final, museu e novos amigos

A previsão do tempo para meu penúltimo dia na Ilha de Páscoa era de chuva. Para não arriscar a tomar mais um banho gratuito, acordei sem pressa. Separei os lugares que não tinha conhecido e dei por perdido. Não iria à montanha Puna Pau, onde eram feitos os pukaus, este símbolo de superioridade que enfeita as cabeças dos moais. Também não subiria o vulcão Poike, o velho Poike. Não contornaria o Terevaka e ignoraria a Casa das duas Ventanas. Tudo bem, já tinha feito muita coisa até então.

Passavam das 11h quando fiz meu café de rei (tomate, ovo, iougurte...). Da janela da cozinha, via a chuva castigar as barracas do hostel e camping Mihinoa. Dei uma folheada em meu livro, mas tinha ainda duas coisas para fazer: ir ao museu e à feira de artesanato.

Hostel Mihinoa e o tempo cinza da Ilha de Páscoa

Tinha adiado demais a ida ao museu. A ideia era visitá-lo primeiro, para, armado de informações, conhecer os locais. Deixei por último. Ao menos pude usar a capa de chuva que comprara nos primeiros dias. Caminhava de chinelo, com as botas em uma mão, um pão entre a outra mão e a boca e duas bolhas no pé, quando Nacho e Vianca passaram por mim com a picape vermelha. Deram uma carona até o museu.

No museu, um exemplo da escrita Rongo-rongo do povo Rapa Nui

Cá entre nós. Não tem nada demais no museu Padre Sebastian Englert. É uma sala grande, cheia de textos nas paredes. Li tudo, tomei notas, tirei fotos. Anotei, por exemplo, que Ilha de Páscoa fica a 3.599 km da costa sulamericana, 4.050 km do Taiti, 2.200 das Ilhas Marquesas e a 2 mil km de Pitcairn, a mais proxima. Páscoa é a ilha habitada mais remota do mundo!

Moai "de mentira" com os olhos esbugalhados e as costas coloridas


Vi também os moais kavakava, uns bonecos de madeira, magros e de bochechas afundadas que eram feitos para dar de presente, em uma época não tão áurea na vida dos Rapa Nui: estes bonecos retratavam exatamente a condição da população que sofria de fome, guerra e miséria.

Um raro exemplar do olho de moai, encontrado no Ahu Nau-Nau

Um dos melhores exemplares do museu é um autêntico olho de moai. Embora tenhamos em mente esta imagem carrancuda das estátuas rapa nui, os moais tinham uns olhos esbugalhados feitos de coral branco (parte branca) e de escória vermelha (íris). O sulco onde eles seriam encaixados era a talhado por último com o moai já de pé sobre o ahu. Este era um dos momentos mais sagrados do ritual.

Complexo Tahai e seus três ahus

Passei uma hora no museu e, estando ali, dei uma última passadinha pelo meu lugar favorito na ilha: o complexo Tahai (alguns leitores mais assíduos anteciparam). Estava em clima de despedida e o tempo ajudava para isso. O céu cinza tirava o azul turquesa do mar, que me recebera em meus primeiros dias. Não veria mais aquele azul, nem do céu, nem do mar.

Entrada de uma casa no complexo Tahai

Novos amigos
 
Chovia fino, caminhei devagar para o hostel, preparei um café e abri o livro do Tim Maia. Estava numa boa quando o corintiano João Neri me chamou a atenção. Ao me ver com a camisa do Timão, já me tratou por amigo. Daniel Oristanio, embora palmeirense, era tão gente boa quanto. Havia tempo que não falava português e pude me atualizar sobre o Campeonato Brasileiro (o Fluminense já era campeão) enquanto tomávamos uma cerveja Escudo - só o João e eu; Daniel é abstêmio.

Esportes aquáticos: as paixões de meus novos amigos. Fotos: João Neri

A dupla sempre viaja juntos. Jovens arquitetos paulistanos, eles teriam uma semana na ilha e queriam, além de conhecer moais e vulcões, surfar e fazer mergulho. Uma pena não tê-los conhecido antes. Após Páscoa, João seguiria viagem para Machu Picchu. Daniel voltaria para casa, trabalhar. Ele é um dos responsáveis pela construção da mega rampa dos X-Games, que acontecem em Foz do Iguaçu. Mundo pequeno, iremos nos cruzar novamente em Itaipu.


Sob o céu cinza, o mar também perdera sua cor

Como a chuva diminuíra, sugeri que fôssemos ao centro de atesanato. Ledo engano. A maldita nos pegou novamente pela estrada, nos empapamos e, quando chegamos, o centro estava fechado. Era 21h, deu tempo, ao menos, de comer um "completo" (o tal sanduíche chileno que conheci na casa de Nacho e Vianca), com meus novos amigos. Um dia quase perdido, não fosse a companhia.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Quinta-feira. Nas costas do gigante

Quando cheguei ao cume do Maunga Terevaka, o dia estava feio. Uma névoa pesada tornava branco tudo ao redor. Subira para isso: não ver nada. Fiquei puto. Ajeitei a mochila no chão, deitei sobre a camisa, cruzei os braços e esperei. “Daqui não sai até o tempo abrir”. Passaram uns 30 minutos e ... o tempo abriu.

Tanto esforço pra nada. Mas isso não ficaria assim

Em meu primeiro dia no hostel Mihinoa fiz um café da manhã de rei: ovos mexidos, tomate, café e iogurte. Comi sobre o mapa aberto enquanto procurava o que ainda não tinha feito na ilha. Circulei com a caneta os vulcões Poike e Terevaka com a promessa de conhecer os dois. Só cumpri metade.


Café da manhã de rei e planejamento para quinto dia

Aluguei uma bicicleta por 10.000 pesos e parti para o Terevaka. Desta vez estava preparado, com bota e uma mochila grande. Não passaria aperto novamente. A distância é pequena, em 15 minutos, em uma estrada boa, já avistei o Ahu Akivi - passara por ele no dia anterior, quando minhas prioridades eram outras.



De bicicleta por Páscoa a caminho do Terevaka

Antes de ver os moais fui conhecer as tais cuevas, as cavernas que rodeiam o Terevaka. Fui à Ana Te Pora e, a primeira vistam não achei nada demais, uns buracos grandes no chão meio sem sentido. Mas explorando melhor encontrei pequenas aberturas dentro destes buracos e cavernas imensas ligando, como corredores, a entrada e a saída. Na época das guerras, o povo morava nestas cavernas para se proteger. Caminhei algum tempo sozinho pela escuridão total iluminada apenas por um foco de luz da minha lanterna.

Nas cuevas sob a luz apenas da lanterna

Depois de um bom tempo explorando cavernas, pedalei novamente em direção ao Akivi. Amarrei a bicicleta em uma cerca e fui observar o ahu. Cruzei novamente com Sophia, sempre com seus óculos pesados, um pouco certinha demais e irritante. Ela estava com um guia que começou a me contar sobre os sete moais.

Os sete homens de Akivi olhando para o mar

Akivi é o único ahu cujos moais olham para o mar. Eles representam os sete viajantes que primeiro chegaram à ilha em uma viagem de reconhecimento para a expedição de colonizadores liderados por Hotu Matu’a ("o Grande Pai"), o primeiro rei (ariki) de Páscoa, por volta do ano 900. As estátuas se voltam para o pôr do sol do equinócio, com se orientassem os próximos viajantes. Começou a ser construída no século XV, em três fases. Diz a lenda que um dos sete morreu na praia de Anakena, mas a homenagem eternizou o grupo original.

Eles guiaram a chegada do primeiro rei, Hotu Motu' a

A colonização de Páscoa, aliás, é uma das últimas de toda a Polinésia. Seus primeiros habitantes chegaram de canoas, provavelmente das Ilhas Marquesas. A data é bastante controversa - entre 400 e 900 anos d.C. Hawaí, a ponta norte do triângulo, foi colonizada antes (entre 200 e 400 d.C.) e Nova Zelândia, ao leste, foi a última ilha colonizada (entre 800 e 1200 d.C.).

Entrada do Terevaka. Vá pela placa amarela! 

Comecei a pouco íngrime subida do Terevaka. Recomendo o caminho à direita, onde tem uma placa amarela (dizem que o outro é mais difícil). Subir o maior vulcão da ilha não é nada demais, poderia até ter empurrado a bicicleta. A descida seria doidera. Uma hora e 20 minutos, já estava na primeira cratera, Rano Aroi, a mais importante. Parei para comer um lanche e apreciar a vista do sudoeste da ilha: a cidade de Hanga Roa, o vulcão Rano Kau, as baías. Um pouco mais, cheguei ao cume a 510 metros acima do nível do mar, marcado com uns pedaço de pau e uma cabeça de gado. Tudo estava branco e sombrio.

Lanchinho para apreciar a vista

Tive que esperar a névoa passar para apreciar a vista. Temos tempo para conhecer a formação da Ilha de Páscoa: seu surgimento começou há 3 milhões de anos com a explosão que criou o vulcão Poike, o mais velho, ao leste. Mais tarde, há 2,5 milhões de anos, a erupção foi na ponta sudoeste, com o soerguimento do Rano Kao. O triângulo, e a ilha, estaria completo por volta de 300 mil anos atrás quando elevou-se, ao norte, o maior de todos os vulcões, o Maunga Terevaka, sobre o qual eu estava naquele momento.



Outros 70 cones vulcânicos tomam conta da paisagem. A névoa passa e, estando voltado para o Sul, vejo o Poike, à minha esquerda. É possível identificar uma ponta do Rano Raraku, a oficina dos moais e, não fosse uma montanha intrometida até focaria os 15 homens do Ahu Tongariki com um binóculo. À direita, uma nuvem teimosa ainda escondia o cume do Rano Kau, mas Hanga Roa, as baías do noroeste da ilha, a entrada das cuevas do pé do Terevaka, estavam todos visíveis. Tinha a vista ainda da costa Sul e da costa Norte e, não fosse outra montanha, talvez enxergaria a areia branca da praia de Anakena, no nordeste da ilha.

Na descida do Terevaka, vaca

A descida foi mais tranquila e igualmente silenciosa. Vi vacas sobre o Terevaka e a paisagem foi se modificando, a medida que eu perdia altitude. De volta ao Akivi, encontrei Tiago, um paulistano moreno e forte, com nariz adunco e cara de inca, que eu conhecera no dia anterior quando tomei café com os italianos, e que fora à ilha pensando em pegar mulher. Perguntava de tudo, se valia a pena ficar neste hostel e se era bacana aquele restaurante. Passados os três primeiros dias, eu já era cidadão ilhenho e respondia tudo.

O bom e velho Ahu Ko Te Riku, no complexo Tahai

Fizemos boas fotos do fim de tarde em Akivi. Deixei de conhecer a montanha de Puna Pau, onde eram fabricados os pukaus. Coloquei a bicicleta no carro que Tiago alugara e fomos para Tahai - mais uma vez Tahai, fazer fotos do pôr do sol. Acertei em algumas e fomos a centro. Lembrei-me que tinha compromisso com os amigos chilenos.

Chilenos e rapa nuis

O novo encontro com os camaradas chilenos só reunia homens. Nacho tinha o alvará de uma noite cedido por Vianca, que ficara em casa cuidando de Amanda. Estávamos na casa de Rober, com Simon ronronando à distância, e o rapa nui Tete preparando o churrasco. Na mesa, cerveja Escudo, Piscola (pisco com Coca-Cola) e um vinho da adega de Nacho. Sobre o fogo, pedaços gordos de carne de porco ("big bacon", apelidei), frango, linguiça e pão. Tete, único amigo rapa nui de Nacho, exibia no pescoço um colar com dentes de cavalo e, na cabeça, um chapéu a la Crocodilo Dante. Espirituoso, brincava comigo e eu respondia à altura . "Gostei dele”, disse a Nacho.

Tete, rapa nui. Eu, brasileiro

Foi bom aquele contato direto com um rapa nui. Quando viajamos, é comum nos preocuparmos em fotografar os pontos turísticos, provar pratos típicos, comprar souvenir. Só. O turista se esquece de que há uma vida no local. Na remota Páscoa, por exemplo, não existem apenas moais, vulcões e praias paradisíacas, mas um povo com dilemas e necessidades como os nossos. Ou até mais.

Rapa Nuis são Rapa Nuis, não chilenos

A amizade entre o chileno continental Nacho e o rapa nui Tete é mais exceção do que regra. Rapa nuis e chilenos do continente dividem a ilha quase meio a meio. São sete mil habitantes. Pouca amizade entre os dois lados. Pudera, os Rapa Nui nunca se reconheceram chilenos. Em 1888, o país anexou Ilha de Páscoa para usá-la como fazenda de ovelhas administrada por uma empresa escocesa. O povo ficou confinado em uma parte da ilha e foi forçado a trabalhar na fazenda sendo pago com alimento.



Foi triste o fim da história Rapa Nui. O início da queda aconteceu quando perceberam que o desastre ambiental era irreversível. Vieram as guerras, a fome, a tentativa de plantar em uma terra devastada. Então chegaram os europeus. Começou com o navio do holandês Jacob Roggeveen, em 5 de abril de 1772, dia de Páscoa, o que originou o nome da ilha e apresentou Rapa Nui ao mundo. As visitas do povo do velho mundo ficaram mais frequentes, vieram as epidemias de varíola e o triste ano de 1863, quando 24 navios peruanos sequestraram 1.500 rapa nuis, a metade da população, para trabalhar como escravos em minas de guano no Peru.

As cicatrizes deste povo sofrido nunca se fecharam.

Bem, para Nacho e Tete sim. Depois de meu novo amigo rapa nui ir embora, fiquei tomando Piscola com Nacho e Rober. Inventei de fazer minha própria dose e os dois arregalaram os olhos quando enchi o copo de Pisco. Conversei muito com Nacho sobre família, casamento e paternidade. Um aprendizado com o pai de Amanda e esposa de Vianca.

A música de Nacho

A noite prometia mais. Cheios de pisco na cabeça, fomos ao bar Topatangui, ponto de encontro dos locais e turistas. Ouvi a música rapa nui e o suk, sempre metido a besta em algum clássico pop. Emocionei-me sentindo falta antecipada de tudo aquilo. Como era bonito ver os nativos de divertindo, como era linda a cultura de Páscoa.

Ou simplesmente, porque eu estava beeeem bêbado.

Rober foi para casa e eu fui para outro bar com Nacho e Lev, o cara da "mãozinha”, que guiou o carro, Nacho estava pior que eu. A gravação que fiz de nossa conversa dentro do carro enquanto ouvíamos a música favorita de Nacho é impagável. Até hoje rio quando ouço. O segundo bar estava chato e eu, já na Coca-Cola, esperava o efeito do álcool se dissipar. Despedi-me do pessoal e fui caminhando trôpego para o hostel, xingando os moais e ouvido o mar nervoso.

Passavam das quatro quando fui dormir. No outro dia, acordei com dor de cabeça.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Quarta-feira. O dia do sol

O sol já tinha se escondido no horizonte quando passei pelo Terevaka. Era o dia em que a luz do astro rei fez a maior diferença: de seu nascer emocionante atrás de Tongariki, passando por sua fúria no meio da tarde e culminando em seu último suspiro entre as montanhas que cercam o maior dos vulcões. Meu quarto dia na Ilha de Páscoa foi o dia do sol. Para o bem e para o mal.

O nascer

Acordara às 5h40, ainda escuro, ouvindo grilos e galos. Queria café e, como não encontrara copo de plástico, sai bebericando em um tapauér redondo. Era cedo, combinara com os italianos e com Sophia que os encontraria no centro, às 6h15. No carro, o casal estava animado, enquanto Sophia não só se escondia atrás dos óculos como se afundava no banco traseiro. CouchSurfing como eu, ela deveria ter ido conosco no encontro. Não foi, mas a noite deve ter sido boa.

O décimo sexto moai. Não perca o nascer do sol no ahu Tongariki

Pela estrada, no escuro, o italiano Guido dirigia devagar (não resisto ao trocadilho: "guidare" é "dirigir" em italiano). Nesta hora, muitos cavalos atravessam a pista, é recomendável cautela. Fizemos o mesmo percurso do dia anterior, mas, desta vez, sem parar nos moais derrubados. Pelo contrário, mirávamos aqueles 15 bem de pé.

O nascer do sol no Ahu Tongariki é uma das experiências pela qual você, leitor, deve passar quando for à Ilha. Nesta época, no fim do ano, ele surge bem atrás dos 15 moais. A sensação é única. Arrumei minha máquina fotográfica sobre o tripé, escolhi o melhor ângulo e esperei.

Os 15 homens de Tongariki, o maior ahu de Ilha de Páscoa

Temos, pois, uns 20 minutos antes que o astro surja. Dá tempo para falar sobre os 15 moais de Tongariki – o maior deles pesa 88 toneladas. Com 200 metros, o ahu é o maior de Páscoa. Foi restaurado em 1996 em uma parceria entre os governos do Chile e do Japão. Em 1960, um tsunami tinha jogado as estátuas 100 metros a frente. Como todos ahus, a plataforma de Tongariki é feita de paredes de basalto com um recheio de cascalho. Sua parte traseira é vertical enquanto a frente tem uma rampa. Nos fundos do ahu, havia crematórios onde eram descartados os corpos dos chefes do clã.

Silhuetas em Tongariki. Chile e Japão colocaram os moais de volta em pé

O sol surgiria no mar, nas costas dos moais. Isso mesmo, nas costas. Com exceção do Ahu Akivi (falo sobre ele no próximo texto) todos os moais ficam de costas para o mar, voltando para o interior da ilha. A ideia é que ele marque presença no cotidiano da comunidade. Por isso, diante deles havia uma praça e, em alguns ahus, as melhores casas (hare paenga) destinadas aos sacerdores e chefes.



Opa, muita conversa. O sol surge no horizonte. Eu sempre gostei desta sensação: sentir no rosto o calor dos primeiros raios solares (lembro-me disso no Salar de Uyuni, na Bolívia, em 2009). A diferença, desta vez, era a silhueta dos 15 gigantes. Diverti-me fazendo fotos e depois correndo próximo ao mar para ver as ondas surrarem a rocha logo pela manhã. Peguei a segunda porção de água para minha coleção. Estava agitado.

Depois do nascer do sol no Tongariki, o mar, logo pela manhã, fazendo seu trabalho

Mas meus amigos tinham pressa de devolver o carro e fomos embora...

O auge

Ainda era manhã quando arrumei minhas malas na casa de Rober. Meu amigo se recuperava de uma inflamação na garganta que o deixara em stand by este tempo todo. Gente boa o Roberto, um autêntico CouchSurfing que prega este espírito de camaradagem, amizade, receber bem. Um amigo.

Sai da casa de Rober e me despedi de Simon, o gato, que vivia ronronando para mim sempre que me via. "O Rober nunca alimenta este animal", pensei. Falando em bicho, no caminho para o hostel Mihinoa, como sempre, fui seguido por cachorros. Eles estão por toda parte. Prepare-se, andar com uma matilha ao redor é quase um esporte local.



Instalei-me no hostel e curti o tempo quente. O sol torrava. Impossível dormir no quarto, imagine nas barracas do camping? Não estava a fim de fazer nada, fiquei conversando com Cris, um jovem mestre cervejeiro canadense. “Não ganho muito, mas faço o que gosto”, disse o gringo. Fui ver o oceano, o sol ardia nas costas. Matei algum tempo lendo a biografia de Tim Maia, escrita por Nelson Mota. Azul da cor do mar, pensei, Tim deve ter visitado esta ilha.

Mas aí fiquei entediado e fui caminhar no centro.

O pôr

Não tinha planos para o dia. Andava à paisana, de tênis casual, sem mantimentos. Encontrei o casal italiano no centro e lembrei-me que, pela manhã, tinha combinado de tomar um café com eles. Também não tinham pressa. Sobrava ainda dois meses de viagem, antes de voltar para Roma e tocar os negócios. Guido, 41, e Francesca, 33, são proprietários de um pub-tabacaria na capital italiana e estão abrindo outro em Barcelona, Espanha. Em seu último dia na ilha, subiriam o Rano Kau. Depois fariam tatuagens nos braços, ele um moai, ela um tangata-maru, e seguiriam viagem pelo Chile.

Dia de sol, mar e caminhada

Segui eu a minha. Comprei alguns pães, uma água, e fui ao museu. Cheguei no exato momento em que os portões estavam fechando. Próximo ao Tahai novamente, fui ver o mar. Olhei para o norte da ilha, teríamos ainda algumas horas de sol. Pensei. Resolvi caminhar, tendo a costa noroeste sempre à minha esquerda. Uma voltinha rápida? Foi o dia em que mais andei em toda a viagem.

O sol ainda estava alto. Mal sabia que, com este tênis aí, caminharia o dia todo

Era fim de tarde, passei pelo Ahu Akapu, apreciei o mar: o azul tornando-se branco ao se chocar com as rochas negras. Azul, branco e preto, se os Rapa Nui tivessem um time de futebol, estas seriam as cores de seu uniforme. Caminhava por um talude quando, de repente, um penhasco! O mar visto de cima, a fúria das ondas e dois jovens pescando lá embaixo nas pedras.

Paredões e ilhotas açoitados pelo mar furioso. Estava perdido, mas valeu a pena

Já tinha andado bastante, o sol brincava no céu querendo se aproximar do horizonte. Era tarde, seria mais sensato voltar pelo mesmo caminho. Não sou nada sensato (um sobrevivente, lembra?). Peguei uma estrada rural e fui ziguezagueando, desviando de cavalos selvagens. Passei por pontos importantes – Ana Kakenga (a casa das duas ventanas), o Ahu Te Peu, mas minha maior preocupação era com o sol que insistia em ir embora. Já estava escuro quando passei pelos pés do Terevaka.



Os pés doíam devido ao péssimo calçado. Foi o nativo Carlos Puku, 22 anos, casado e pai de uma criança, que me salvou. Deu uma ré de 50 metros quando me viu pelo retrovisor, gritando na estrada. Tinha trabalhado o dia inteiro na roça e àquela hora, ia vistoriar a construção da própria casa. "Hay que trabajar”, dizia orgulhoso. Puku me deixou na estrada de Anakena, mais movimentada, onde consegui rápido outra carona para o centro. Estava salvo.

Sozinho em Ilha de Páscoa pouco antes de ser salvo por um nativo

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Terça-feira. A ilha dos moais tombados

O clima estava belicoso na Ilha de Páscoa por volta de 1680. Devido ao desastre ambiental iniciado cerca de dois séculos antes, o poder dos chefes ruiu, a sociedade entrou em guerra civil e os clãs começaram a derrubar os moais uns dos outros. O árduo trabalho de séculos para esculpir, transportar e levantar estas estátuas gigantes foi a baixo em pouco anos. A tragédia é visível em uma viagem pela costa sul da ilha, passando de ahu em ahu e encontrando dezenas de moais com a cara voltada ao chão com seus pukaus alguns metros distantes, como um chapéu levado pelo vento.

De cara no chão. Pela costa Sul da ilha, vários moais tombados

Em meu terceiro dia na ilha, o plano era alugar uma bicicleta e pedalar até o vulcão Terevaka. Fui ao centro e perguntei para a moça sobre o valor do aluguel quando ouvi ao meu lado: "Murilo?" Era a australiana Sophia, escondida atrás dos óculos de aro grosso. Falante, ela conhecera um casal italiano e estava alugando um carro com eles. Mudei meus planos.

Novos amigos: Sophia, Francesca e Guido

Recomendo o roteiro para quem quer conhecer boa parte da ilha de forma rápida. Em quatro pessoas, alugue um carro e siga pela costa sul em direção ao vulcão Poike. De parada em parada, vemos ahus destruídos e moais derrubados – antes da restauração promovida pelo Chile, todos eles estavam no chão. O primeiro é o Vinapu, cuja perfeição do ahu, com pedras justapostas, chegou a ser comparada à arquitetura inca. Discordo. Nem de longe um ahu se parece com, por exemplo, o templo de Sacsahuaman, em Cusco.

Desastre ambiental

A Ilha de Páscoa reúne uma serie de fatores ambientais que fazem do local um dos mais sensíveis do planeta. Antes da chegada dos primeiros humanos, por volta de 900 d.C. (a data é bastante incerta), a ilha era uma floresta tropical, com árvores parrudas de mais de 20 metros de altura e dois metros de diâmetro e a maior palmeira do mundo, bem diferente dos campos com morros pelados que encontramos hoje.

Nas guerras civis, os Rapa Nui derrubaram moais uns aos outros

Foi principalmente a construção dos ahus com seus moais que dizimou os recursos naturais da ilha, extinguindo todas as 21 espécies de árvores nativas e as 25 espécies de aves que nidificavam lá, fazendo de Páscoa um dos maiores desastres ambientais da história. As árvores eram usadas em canoas, cordas, estruturas de construções, lanças, arpões e como combustível para a cremação. Sem a matéria-prima e em decadência, caiu por terra a antiga integração entre os 12 clãs que permitiu a prosperidade da ilha no passado. E os moais também vieram abaixo.

Ao longo da costa, moais e uma paisagem alucinante

Seguindo pela estrada, além do cemitério de moais, o estonteante mar azul toma conta da paisagem até avistarmos, à esquerda, o vulcão Rano Raraku. É a segunda parte do Parque Nacional, onde novamente apresentamos o ticket. Depois da entrada, pegamos uma estradinha até uma bifurcação e seguimos pelo caminho da direita. Estávamos na fábrica dos moais.

Uma oficina abandonada

O tufo vulcânico do Rano Raraku - nem tão duro, nem tão poroso - é perfeito pra ser esculpido. A estátua era delineada diretamente na rocha, depois talhada deixando apenas uma quilha que a mantinha presa ao vulcão. A quilha era removida, o moai descia ladeira abaixo e era colocado em um fosso onde tinha suas costas esculpidas. Depois disso, ele tinha que ser levado por quilômetros até o seu ahu em várias partes da ilha. Como isso foi feito ainda é um mistério.

A oficina dos moais, alguns sequer foram retirados da rocha

Em toda Ilha de Páscoa foram construídos 887 moais, 288 deles foram transportados e levantados sobre 113 dos 300 ahus construídos. Outros 92 moais ficaram no caminho, antes de chegar ao seu ahu. O mais incrível, no entanto, são os 397 moais que foram abandonados aos pés do Raraku, tomando conta da paisagem. Outros sequer foram retirados da rocha, como o maior moai da ilha, de 21,65 metros e possíveis 200 toneladas!

Os 15 homens de Tongariki. Voltaríamos ali no outro dia

O circuito pelos moais esquecidos dura uma meia hora. Vale a pena apreciar a vista do mar, o vulcão Poike, ali pertinho, e o Ahu Tongariki, nossa próxima parada. Mas, no caminho de volta, não deixe de pegar aquela entrada à esquerda, na bifurcação. Ela leva até a cratera do Rano Raraku, bem pertinho. É muito bonita, com seus 550 metros de diâmetro, e uma árvore sob a qual você pode se sentar e comer um lanche.



Saindo do Raraku e seguindo em direção ao Poike, descemos até o Ahu Tongariki, o maior da ilha. Ficamos pouco tempo, no outro dia voltaríamos ali. Contornamos o vulcão - talvez minha maior frustração na viagem foi não ter subido os 412 metros do velho Poike, ter visto o mar no extremo leste da ilha e a cratera de 150 metros de diâmetro, 15 de profundidade e totalmente seca.

A cratera do Rano Raraku. Bom lugar para dar uma descansada

A estrada segue pela direita e fica bem ruinzinha neste trecho. A única parada obrigatória é o Ahu Te Pito Kura cujo moai, o Paro, com seus 9,8 metros de altura e 74 toneladas de peso estimado foi a maior estátua que chegou a um ahu. Foi também uma das últimas, eregida em 1640, provavelmente por uma mulher que queria homenagear o marido. Veio ao chão 200 anos depois. Contorne o ahu pela direita e veja o Te Pito o Te Henua (“o umbigo do mundo”), uma pedra redonda que, dizem, tem propriedades magnéticas. Toda ilha polinésica tem o seu umbigo.

O gigante moai Paro e o umbigo do mundo

Terminanos a estrada ruinzinha novamente em Anakena. Apreciei mais uma vez aquele mar azul, os coqueiros, os ahus Nau Nau e Ature Huki. Peguei a primeira das três porções de águas que coletaria de Páscoa par minha coleção. Comemos uma empanada com Coca-Cola e voltamos, exaustos, para Hanga Roa. Minha aventura com os italianos e com a australiana não acabava ali.

Corinthians x Universidad Católica del Chile

O dia só poderia acabar com meus amigos Rober, Nacho, Vianca e a pequena Amanda. Separei-me da nova turma e encontrei os chilenos em frente ao Ahu Ko Te Riku  no complexo Tahai. Teria um eclipse solar parcial aquele dia. Não me empolguei muito em fazer fotos, mas foi bom ver os amigos e aquela gente - locais, continentais e turistas - sentada na grama, olhando para cima. Parecíamos os antigos Rapa Nuis idolatrando os moais.

De novo em Tahai e de novo com os amigos

Voltei com eles para casa de Nacho e conheci o Completo, um cachorro-quente com tudo que tem direito e coberto por, pasme, abacate. Gostei. Nacho queria jogar PES 2012 no Playstation 3, um de seus vários brinquedinhos. Queria vencer um brasileiro no futebol. Sugeri jogarmos com nossos clubes e, como eu sou péssimo nos jogos de futebol no videogame, meu Timão tomou um pau do Univesidad Católica do Chile: 3 a 0. Depois joguei com Lev, um amigo deles, abri 1 a 0, mas o filha da mãe virou em  3 a 1. Lev comemorava como a "mãozinha", imitando nossos jogadores brasileiros e seus passos de axé quando marcam um gol. Hilário.

Comer um completo para depois tomar um pau no PES 2012

No fim da noite ainda fizemos um meeting do CouchSurfing. Tomei um Pisco Sauer com meu amigo Rober e fomos à casa de uma chilena que está na comunidade. Fizemos fotos com uns espanhóis, ficamos vendo as estrelas, mas eu estava com sono. Acordaria muito cedo no outro dia e queria dormir. Fiz isso, às 2h da madruga.