terça-feira, 29 de abril de 2008

Brisa congelante

O friozinho de Medianeira me leva a postar o último texto de hoje sobre isso: o frio. A mamma já dizia: "coloque o agasalho menino", mas e eu lá sou bobo de ficar carregando roupa a mais nas mãos durante as viagens. Dá no que dá.

Mas convenhamos, motorista de ônibus não tem a menor noção de temperatura agradável. E se for pra errar, todos eles nivelam por baixo. O resultado é a senhora se encolhendo debaixo da manta xadrez de um lado e a criança de colo chorando do outro. No meio, o bestão aqui trincando de frio.

Foi assim na última viagem Curitiba-Campinas e também na penúltima Curitiba-Foz do Iguaçu. Apesar da inocência rara do motorista neste episódio, conto-lhes sobre a viagem para Foz.



Era a segunda-feira do dia 14/04 (a sétima, não percam as contas). Naquele fim-de-semana eu havia viajado para São Paulo (a linha Foz-Sampa é digna de nota, me cobrem!) para ver a exposição Star Wars com uns amigos. A toque de caixa, no fim da noite, corri para o casamento de uma amiga, a Lívia, também em São Paulo. Depois, morto de sono às 5h da manhã, viajei com uns colegas para Campinas.

Na segunda-feira, após as aulas do Labjor, saí no meio da tarde para pegar o vôo - desta vez em Congonhas e desta vez pela Gol. Cheguei naquela Curitiba fria que conheci no inverno de 2000. Era já tardezinha, 35 minutos para começar a formatura de meu amigo Edi. Na Reitoria da UFPR, corri ao banheiro para colocar o terno, momento em que todo mundo também se dispôs a tirar água do joelho e ajeitar o topete. E eu lá, trocando de roupa.

Acompanhei a bonita colação de grau da turma de Geologia e, enquanto todos foram para o jantar de confraternização, eu peguei um táxi para a rodoviária. Comi uma esfirra fria e me preparei para uma noite mais fria ainda.

"Você não poderia diminuir o ar?", implorei ao motorista. Mas naquela única vez a culpa não foi dele. O tempo estava realmente muito frio e o sistema de calefação quebrado. Vesti toda a pouca roupa da mochila, cobri os pés com uma bermuda, as mãos com o paletó e me encolhi no banco. Mas o espantalho que criei não conseguiu espantar o frio.

Em Foz de Iguaçu, pela primeira vez em muito tempo, agradeci pelas tardes quentes de rachar mamona.

Método Fácil de se Perder Dinheiro II

O segundo fascículo volta um pouco no tempo: a segunda da série de viagens, dia 10/03. Mas ao invés de noite mal dormida ao som de programas esportivos, a história é cheia de aventuras ao estilo Velozes e Furiosos. O veloz fica por conta do Phillip, o furioso por minha.

Diferenças à parte, também no segundo fascículo o prejuízo foi grande. Conto pra vocês.

O método aqui é brincar com o relógio. Fazer hora entre as kits do Solar do Barão III (onde eu morava em meus tempos de Campinas e onda ainda mora uns camaradas) e deixar o tempo passar. Até que chega a hora que, "Phillip, vc me leva para o centro?". Aqui os parênteses são bem-vindos.

(Nas viagens para Campinas, o roteiro básico é o seguinte: viagem de ônibus de 14 horas Medianeira-Campinas / ônibus de 40 min da rodoviária à Barão Geraldo / carona ou táxi ou ônibus de 35 min de BG ao centro de Campinas / Caprioli (ônibus que faz translado) de 1h45 de Campinas a Guarulhos / vôo Tam GRU-IGU de 1h25 / táxi de 20 min Aeroporto Cataratas até o centro de Foz do Iguaçu).

Seguindo a viagem da história, estava naquele momento da carona para pegar a Caprioli. Eram 19h33, o ônibus saía às 20h. Estava meio na cara o que iria acontecer. Mas o Phillip, meu camarada, queria impedir o inevitável: carcou o pé no acelerador e fizemos o trajeto em tempo recorde, mas não o suficiente.

Paramos no último semáforo, um carro branco-tartaruga na nossa frente e alguns metros adiante o Caprioli dando seta para sair. O sinal verde ilumina a avenida Francisco Glicério, mas o infeliz da frente fica comendo mosca. O Caprioli sai diante de nossos olhos.

A perseguição foi digna desses filmes 'B', como o citado no início do post. Gritamos, esperneamos, demos luz alta - o Phillip queria ultrapassar e frear o carro - mas não adiantou. O ônibus seguiu o rumo sem nós. O golpe de misericórdia foi um "Sem Parar" no pedágio. Nós paramos, ele não.

Resultado da fatura: após seguirmos o ônibus por duas cidades fiquei na rodoviária de Vinhedo onde peguei um táxi. O prejuízo na aula de hoje, queridos alunos, foi de 180 reais de táxi!

O resto da viagem foi bastante tranqüila.

Método Fácil de se Perder Dinheiro I

Frio, salgadinhos, sacoleiros, soneca em aeroporto. Para lembrar tudo o que ocorreu antes da criação desse blog, vai ser preciso esforço mental. E depois da última viagem, não sei se dou conta. Mas não custa tentar.

Conto pra vocês uma história específica. Há alguns dias criei o Método Fácil de se Perder Dinheiro, uma publicação feita em fascículos (a cada segunda-feira) e de nome auto-explicativo. A situação em que escrevi os métodos é no mínimo inusitada: estava deitado no banco do aeroporto de Guarulhos, de pernas cruzadas e cara de puto. Calma, explico:

Era dia 17/03, fazia a terceira viagem das várias segundas-feiras. Como sempre iria pegar o vôo 3357 da Tam, de Guarulhos para Foz do Iguaçu, às 23h45. Mas não foi bem o que ocorreu. Cansado de esperar no saguão de baixo, subi um pouco e fiquei esperando a moça do sistema de som chamar - afinal aquela chata nunca cala a matraca ("Pay attention, please...").

Mas ela nunca chamou. Ou eu não ouvi. O fato é que dei uma 'pescada' de 15 minutos; sabe quando o cansaço é tanto que vc deixa a cabeça cair e dorme? Para mim fora instantâneo. Para o resto do mundo foram mais de 10 minutos. O suficiente para chamarem, chamarem, chamarem e nada.

Quando desci esbaforido e vi o saguão vazio pensei: "ferrou". Perguntei e ouvi o óbvio: "Seu vôo já está no ar". Resumo da ópera, arquei com um acréscimo de 120 reais no valor da passagem e tive que encarar uma noite mal dormida no aeroporto. Lembro-me de me revirar no banco, acordar de meia em meia hora para ver as horas e de escutar uma vozinha de comentarista esportivo martelar em minha cabeça (pudera, estava debaixo da TV sintonizada na ESPN).

Depois do primeiro fascículo, recordei outros episódios e a publicação segue bem. Já empatamos com O Monge e o Executivo e a tendência é alcançar O Segredo, na lista da Veja, ainda nesta semana.

Estouro de champagne

Nunca fui muito adepto a blogs. Por todo o tempo de faculdade meus colegas distribuíram suas belas palavras por essa ferramenta online. E eu sempre aquém a isso tudo. Sequer visitava blogs alheios - fazia quando um ou outro me pedia. Agora, quem diria, cá estou escrevendo o texto de abertura de meu primeiro blog. Vale uma explicação.

Há dois meses tenha a rotina de ir e vir para Campinas, afim de terminar a pós, na Unicamp. As incontáveis viagens de ônibus, avião, táxis e caronas geram também incontáveis histórias. Estava sentindo pena de guardá-las só para mim.

Aí veio a idéia. Um relâmpago estourou pela janela do avião, iluminando o Rio Iguaçu que saracuteava lá embaixo e eu tive a inspiração (não foi bem assim, mas romancear é legal). Por que não colocar tudo em papel, mesmo que seja neste papel diferente, à base de pixels? Mal o avião pousou e cá estou rascunhando as historinhas.

Não sei se é legal abrir um blog com os seus objetivos, mas não custa definir algumas coisas. A princípio falarei dessas viagens semanais para Campinas. Colocarei aqui as minhas impressões referentes às pessoas que comem salgadinho dentro do ônibus ou a mulheres que não páram de tagarelar no sistema de som do aeroporto. Coisa pouca. Quem sabe mais adiante esse espaço me valha para algo melhor.

Dito o que tinha que ser dito, inauguro o blog com uma garrafada de champagne em seu casco. Espero que ele possa seguir seu rumo sem problemas com intempéries ou icebergs e que eu possa expressar essa rotina diferente pela qual venho passando. E a vocês, desejo uma boa viagem!

Ou como diria o comandante a cada vez que pousamos em Foz do Iguaçu:

Sabemos que a escolha da companhia é uma escolha pessoal. Agradecemos por ter escolhido a Rascunhos de Viagens.