Foi com essa idéia que eu comprei um chiclete sabor bacon, em uma lojinha perto do metrô, em Estocolmo. O troço não era ruim, era pavoroso. Já vi alguns marcas arriscarem o sabor salgado em seus chicletes, mas aquele de bacon era levar essa ousadia à quintessência. Obviamente que, após uma ou duas mastigadas, cuspi o chiclete em um lixeiro e prometi nunca mais provar daquilo. Promessa não cumprida, diga-se.
Bem, comer coisas diferentes foi parte da programação desta viagem. Não digo que fizemos um tour gastronômico pelos países, mas vez ou outra provávamos dos sabores locais. Em Viena, por exemplo, foram muitos os apfel-alguma-coisa que comi. Gostava muito daqueles croissants e outros pães doces, me empanturrei quando pude. Em Praga, no entanto, o croissant era apenas uma massa amorfa, mas muito fotogênica.
Na breve passagem por Berlim, também ficamos na base de pãezinhos e cafés expressos. Quando chegamos à Viena, o Juttel, fresco de dá dó, queria comer comida de verdade. Batemos um pratão de macarronada em um restaurante italiano, onde o chefe veio nos atender em italiano – mas aí eu estendi a conversa no idioma e o cara não entendeu mais nada.
Outra vez fui eu que não entendi, ainda em Viena e ainda em relação aos pãezinhos, quando um tiozinho tentou nos ensinar o que era apfel-não-sei-o-que. Não adiantou muito, mas eu comi assim mesmo. Isso ocorreu lá no Terminal de Westbanhof, nossa casa em Viena. No mesmo lugar, último dia na cidade, o Juttel comprou um suco de laranja péssimo. Quase tão ruim quanto o chicelete de bacon, mas ainda longe do “ruim”.
Por falar em comer sem saber, este é o retrato de minha primeira refeição quando cheguei na assustadora Budapeste. Sabe como é, ex-comunista, língua bárbara, e eu comprando um lanche à base de peixe (que comi acompanhado de uma coca-cola, por 99 forintes). Ainda não descobri do que era feito aquilo.
Lá em Budapeste o interessante foi a andança do primeiro dia. Sol nas costas, canseira e frutas pelo caminho. Quando passei por uma praça, vi uma árvore com umas frutinhas vermelhas e, mais a frente, outra com frutinhas amarelas. Parecia uma espécie de ameixa-pêssego-nectarina. Bem boa!
Neste mesmo dia, faminto, comi um bom e salgadíssimo Burguer King. O mesmo fizemos em Amsterdam no início da viagem. O Juttel e eu procurávamos a comida local, uma espécie de batata com um molho nojento em cima. Trocamos pelo Rei dos Lanches.
O que me faz lembrar daquele pedação de pizza em Viena e aquele outro na estação de metrô em Budapeste, no dia do martírio. E também o cachorro-quente com aquela salsicha gigante na andança por Berlim e outro cachorro-quente esquisito, em Praga: a mulher furava o pão com um metal quente e depois largava a salsicha dentro, junto de um molho de mostarda escura e amarga. Pinguei um pouco no All Star e trouxe aquele cheiro forte para o Brasil.
‘Xá ver o que mais (esperem que vou ali tomar um café). Isso, café. Sou louco por, mas não fui muito feliz nas experiências. Em Estocolmo, no almoço da pré-conferência, tomei um café e disse para um cara ao lado que, como brasileiro, eu não só gostava de café, eu precisava de café. O cara, português, disse que estava na mesma situação.
Em Praga, comi um pão com ovos delicioso na manhã do primeiro dia e tomei café; estava assim assim. Em Berlim, mordidas nos apfel-tanto-faz e tragada em um café expresso forte. Lembro que neste dia jogava migalhas para uns passarinhos mordiscarem. E o Juttel ali, com aquela cara de tacho.
Isso sem falar no regime de engorda do vôo internacional.
Comentei ali em cima sobre o almoço na pré-conferência, acho que vale falar sobre comida decente para terminar esse post. Toda a programação na Suécia era regada por comida da boa. O almoço na prefeitura de Estocolmo foi super-chique e a alimentação na conferência em Malmö, Lund e Copenhague, bem agradável. Mas um sabor que gostaria de voltar a sentir é o de um doce tradicional da Suécia – o vacuum cleaner, um rolinho verde e marrom feito sabe-se-lá do que. Mas muito bom.
4 comentários:
É....
Acho que, comer nunca é demais, mesmo se é RUIM
Explique como seria a minha "cara de tacho" citada no post.
Também digo que o meu melhor momento gastronômico desse período foi a belíssima feijoada brazuca ingerida no "Seu Pimenta" um dia após o retorno pro Brasil. A partir dali é que voltei a comer comida de verdade, heheheheh. Que Malmo e Lund que nada!
Bem, eu naum compartilhei da comida com meus amigos de equipe, mas aproveitei o arroz-feijão-e-ovo que a mão fez logo que cheguei em casa.
Bom, bem bom.
Sobre a cara de tacho, aquela de sempre. Que vc sempre faz. Aquela.
Ótima a lembrança do Ruim. Pior que Ruim, só "perucisses"(vide Perusso). Ah, sobre Budapeste: "utca" é avenida; "ut", rua. Simplezinho aquilo que eles chamam de idioma...
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